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Editoriais
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Excesso de cesarianas
O PARTO cesáreo encontra-se em franca expansão no
Brasil, na comparação
com os nascimentos naturais. A
média nacional apurada pelo IBGE alcançou 46,6% em 2007, último dado compilado. É mais
que o triplo da proporção recomendada pela Organização
Mundial da Saúde, 15%.
A "epidemia" de cesarianas
não se restringe ao Brasil. Países
latino-americanos têm índices
próximos dos 40%. EUA e União
Europeia ultrapassam 30%.
Por aqui, a tendência se acentua nas regiões Sul, Sudeste e
Centro-Oeste, que superam a
barreira dos 50%. O Estado de
São Paulo, segundo pesquisa de
2008 da Seade, atingiu 56,7%.
O fenômeno suscita preocupação, pois cesarianas acarretam
risco maior para a mãe e o bebê.
A mortalidade materna é 3,5 vezes maior na cirurgia. Crianças
que nascem antes do prazo, por
erros de agendamento, têm risco
120 vezes aumentado de desenvolver problemas respiratórios
agudos. Para o SUS, a cesariana
custa cerca de 50% a mais.
Aventam-se várias motivações
para elucidar a progressão, das
vantagens práticas e pecuniárias
para médicos e hospitais aos receios e desinformação das parturientes. Muitas parecem acreditar que o parto sem dor e com hora marcada é melhor para o filho.
Há, por certo, muitas situações
-como o sofrimento fetal- em
que a cesárea é a melhor indicação médica, mas elas constituem
uma minoria. As exigências da
vida urbana e do mundo do trabalho parecem explicar melhor a
tendência observada.
O excesso de cesarianas não
será contido com acessos de moralismo. A decisão, em última
instância, deve ser da mulher.
Mas é importante garantir o
acesso a informações, papel educativo a ser exercido antes de
mais nada pelos médicos.
Cabe a seus órgãos representativos zelar para que os profissionais não ponham conveniências
pessoais à frente dos interesses
dos pacientes.
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