São Paulo, Domingo, 09 de Maio de 1999
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PAINEL DO LEITOR

Jatinhos da FAB

"A respeito da notícia veiculada na Folha do dia 8/5, a Assessoria de Comunicação Social do MEC esclarece:
1) Em 1997, o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, tomou conhecimento da possibilidade de visitar Fernando de Noronha, sendo transportado pela FAB e alojando-se na casa de hospedagem do Ministério da Aeronáutica. O ministro foi informado de que não havia normas especiais sobre ressarcimento de gastos, pois os vôos eram programados para o atendimento da guarnição da FAB na ilha e o funcionamento da casa de hóspedes era permanente, não dependendo da estadia de passageiros. A viagem não implicaria, pois, em gastos extraordinários para a FAB ou para os cofres públicos.
2) A única condição era a disponibilidade de espaço nos aviões, que devem regularmente atender à ilha, e na casa de hospedagem. Tanto assim que foi negada a viabilidade de uma determinada data pretendida pelo ministro. Posteriormente, foi comunicada pela FAB a possibilidade de outra data quando, de fato, o ministro esteve na ilha, lá permanecendo por dois dias.
3) O ministro está disposto a cumprir quaisquer normas então vigentes e que não fossem de seu conhecimento."
Tânia Viegas, assessora especial do ministro da Educação (Brasília, DF)

Rodeios como esporte

"Há um equívoco na carta da cantora e compositora Rita Lee publicada no "Painel do Leitor" de 5/5. O Ministério do Esporte e Turismo não vai oficializar o rodeio como esporte, como afirma a cantora, simplesmente porque o rodeio já é considerado um esporte. A lei 9.615/98 estabelece o desporto como um direito individual, autônomo, dependendo apenas da faculdade e da liberdade de pessoas físicas ou jurídicas de se organizarem para a prática desportiva. Não exige uma legislação específica para cada esporte. Rita Lee deve se referir ao projeto, em tramitação na Câmara dos Deputados, que trata da regulamentação da profissão do peão de rodeio.
Eu, como os 24 milhões de brasileiros que assistem todos os anos aos mais de 1.300 rodeios pelo país, reconheço a atividade como de alto potencial turístico e esportivo. É um evento com raízes no período colonial da cultura brasileira e remonta às expedições ibéricas no Brasil, no século 16, quando gado e cavalos foram aqui introduzidos.
E mais: os rodeios geram perto de 3 milhões de empregos diretos e indiretos todos os anos. Mas ressalto: quando há crueldade contra os animais não há esporte."
Rafael Greca, ministro do Esporte e Turismo (Brasília, DF)

CPI dos Bancos

"A tentativa do governo de abafar a CPI do sistema financeiro deixa todo o povo brasileiro indignado. Querem transformar tudo em pizza!!!
Essa manobra deixa claro que o governo tem muito a esconder e que implicações e implicados vão muito além do que imagina nossa vã filosofia. A proposta do governo representa uma completa inversão de valores -coloca-se na posição de vítima inocente, acuada por uma CPI sedenta de holofotes.
O governo deveria resignar-se e deixar que a CPI investigue tudo e todos, pois o povo brasileiro é inteligente e sabe exatamente como essa novela irá terminar."
Ranieri Corrêa (Curitiba, PR)

"Vamos com calma. Quer dizer que trabalhar direito também é pecado? A CPI está acusando os bancos estrangeiros de terem ganhado dinheiro na máxi de janeiro. Ganharam, e, até onde eu sei, ganhar dinheiro não é pecado, desde que honestamente. Não estou falando que todos os bancos fizeram isso, mas ponha-se no lugar deles.
Se você, presidente de um banco estrangeiro no Brasil, estivesse vivendo em um cenário de instabilidade econômica, com o país indo à bancarrota, dólares saindo de baciada, o FMI titubeando para liberar novas parcelas, o que faria? Mostraria sua confiança no real ou se resguardaria no dólar? Eu, que não sou banqueiro, se tivesse dinheiro teria feito o mesmo.
Se alguém levou vantagem ilícita, se se aproveitou de informações privilegiadas, tudo bem, mas nem todo mundo que ganha dinheiro é bandido.
Ninguém quer ver o óbvio: o nosso principal problema chama-se banco estatal. É conceitualmente ilógico e empiricamente desastroso."
Raul Marinho Gregorin (São José do Rio Preto, SP)

Sigilo telefônico

"Gostaria de manifestar minha completa e irrestrita solidariedade diante da tentativa da Polícia Federal com vistas à quebra do sigilo telefônico de Fernando Rodrigues e da Sucursal da Folha em Brasília.
Diante de um atentado como esse à liberdade de imprensa, custo a crer que estejamos sob o império de um Estado de Direito democrático. Não se deixem intimidar. Ignorem as pedras do caminho e sigam em frente."
Bartolomeu Rodrigues, ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal (Brasília, DF)

Sem futuro

"Com 29 anos de idade, passo o dia a dar aulas de ciências para alunos do ensino fundamental (5ª a 8ª séries). Aulas em que acentuo o binômio ética/cidadania. Discutimos a necessidade de políticas sustentáveis para o progresso. Entretanto, nos poucos anos de minha vida, tenho percebido com tristeza a falácia que é o "país do futuro".
FHC, o maestro das operetas Sivam, Porto Primavera, Telefônica, Marka/FonteCindam, Proer, pasta disso e daquilo, tem jogado as últimas pás de terra sobre minhas esperanças no futuro do Brasil. Com que força e razão posso dizer às crianças que economizem energia e água, reciclem, respeitem seus semelhantes e a natureza? Com nosso "monarca" de plantão, essa é uma tarefa inglória!"
Felipe Augusto de Mesquita Comelli (Santos, SP)

Violência sem limites

"Trabalho de sol a sol. Pago impostos, respeito as leis de trânsito. Tenho que aceitar com naturalidade a transferência do meu, do seu e do nosso para que o dono do Banco Marka continue voando de helicóptero e esmurrando a imprensa. Mas não posso aceitar o risco de vida a que me submete o descaso do governador Mário Covas.
Em São Paulo, os arranhões ao conceito abstrato de segurança do passado deram espaço ao estupro do direito mais elementar do cidadão: a vida. Andar pelos jardins de São Paulo tem sido uma aventura mais perigosa do que ser albanês em Kosovo. Vivemos sob estado de terror, enquanto o governo do Estado prefere isentar de impostos a venda de carros novos, em vez de bancar programas de segurança."
Antonio Bizarro da Nave Neto (São Paulo, SP)

Em defesa das armas

"Quero expressar meu profundo descontentamento com os rumos que a campanha para o desarmamento está tomando. Sou praticante do tiro, como esporte, a exemplo de outros atiradores, que participam de torneios olímpicos e campeonatos, defendendo a bandeira de nossa pátria.
Conheço muito bem as armas e sei o perigo que elas representam. Não defendo o porte indiscriminado, mas defendo o direito do cidadão ao porte legal de armas -enquanto esportista, por ter necessidade de transportar minha arma até as competições; enquanto cidadão, por termos direito à legítima defesa em casos de agressões por bandidos e malfeitores.
É claro que nós, cidadãos, iremos acatar as leis impostas. Mas quem puxa o gatilho são os homens, elas não disparam sozinhas. As piores armas que temos são o desemprego, a falta de perspectivas, a corrupção do Estado, a imprensa e o excesso de noticiários sobre violência, além do pessimismo generalizado."
Wagner S. de Moraes (São Paulo, SP)


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