|
Próximo Texto | Índice
MICROFINANÇA
Afastada a perspectiva de um
novo modelo econômico e distante o momento em que as políticas
sociais sejam implementadas de modo coerente e sustentável, o governo
Lula dá os primeiros sinais de que está disposto a caminhar rumo à criação de novos fundamentos microeconômicos para o crescimento.
Destaca-se o reforço ao que se conhece como "microfinança". Um
exemplo são as cooperativas de crédito, que seriam abertas a qualquer
pessoa e sem exigência de qualquer
tipo de vínculo entre os cooperados,
a não ser a delimitação geográfica.
Para o responsável pelo programa
Fome Zero, José Graziano da Silva, o
governo precisa "quebrar o monopólio do crédito" no país. A difusão
de cooperativas e outras formas de
associação entre indivíduos de baixa
renda seria o caminho para os mais
pobres escaparem de juros e tarifas
bancárias escorchantes.
Resta saber se a "bancarização"
dos pobres irá além de uma tentativa
mais sofisticada de simplesmente
distribuir renda e subsídios. Há anos
o senador Eduardo Suplicy (PT-SP)
defende um programa de renda mínima que vai direto ao ponto, criando direitos, não ilusões.
A microfinança, pela abertura de
cooperativas de crédito ou pela difusão de "bancos do povo", enfrenta
um desafio maior, que é o de injetar
racionalidade e espírito empreendedor em espaços de exclusão social.
A rigor, já existem formas alternativas ao crédito bancário. O processo
de "desbancarização", aliás, não se
aplica só aos mais pobres. O comércio varejista sempre foi criativo nesse
campo, aceitando do passe de ônibus ao cheque pré-datado, passando
pelo velho e popular "fiado".
A microfinança tem pretensões
mais altas: supõe que o crédito popular estimulará formas empresariais
tão solidárias quanto lucrativas.
É uma aposta numa "revolução"
microeconômica que deu resultados
animadores, mas não conclusivos,
em outras partes do mundo, onde jamais os pobres, nem os ricos, enfrentaram por tanto tempo juros tão
altos como os que vigem no Brasil.
Próximo Texto: Editoriais: FLORESTAS MODERNAS Índice
|