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São Paulo, segunda-feira, 09 de junho de 2003

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MICROFINANÇA

Afastada a perspectiva de um novo modelo econômico e distante o momento em que as políticas sociais sejam implementadas de modo coerente e sustentável, o governo Lula dá os primeiros sinais de que está disposto a caminhar rumo à criação de novos fundamentos microeconômicos para o crescimento.
Destaca-se o reforço ao que se conhece como "microfinança". Um exemplo são as cooperativas de crédito, que seriam abertas a qualquer pessoa e sem exigência de qualquer tipo de vínculo entre os cooperados, a não ser a delimitação geográfica.
Para o responsável pelo programa Fome Zero, José Graziano da Silva, o governo precisa "quebrar o monopólio do crédito" no país. A difusão de cooperativas e outras formas de associação entre indivíduos de baixa renda seria o caminho para os mais pobres escaparem de juros e tarifas bancárias escorchantes.
Resta saber se a "bancarização" dos pobres irá além de uma tentativa mais sofisticada de simplesmente distribuir renda e subsídios. Há anos o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defende um programa de renda mínima que vai direto ao ponto, criando direitos, não ilusões.
A microfinança, pela abertura de cooperativas de crédito ou pela difusão de "bancos do povo", enfrenta um desafio maior, que é o de injetar racionalidade e espírito empreendedor em espaços de exclusão social.
A rigor, já existem formas alternativas ao crédito bancário. O processo de "desbancarização", aliás, não se aplica só aos mais pobres. O comércio varejista sempre foi criativo nesse campo, aceitando do passe de ônibus ao cheque pré-datado, passando pelo velho e popular "fiado".
A microfinança tem pretensões mais altas: supõe que o crédito popular estimulará formas empresariais tão solidárias quanto lucrativas.
É uma aposta numa "revolução" microeconômica que deu resultados animadores, mas não conclusivos, em outras partes do mundo, onde jamais os pobres, nem os ricos, enfrentaram por tanto tempo juros tão altos como os que vigem no Brasil.



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