|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FLORESTAS MODERNAS
O dilema equivocado entre desenvolvimento econômico e
preservação ambiental já foi superado entre especialistas, mas não se
pode dizer que tenha fincado raízes
na opinião pública brasileira, como
fica evidente no debate ideologicamente viciado sobre a necessária exploração econômica da Amazônia.
Nesse contexto, o Programa Nacional de Florestas (PNF) e seu objetivo
de criar 500 mil km2 de florestas nacionais -as chamadas Flonas-oferecem oportunidade única de arejar a
discussão de alternativas para o desenvolvimento sustentável da maior
área contínua de florestas tropicais
do mundo.
A principal característica das Flonas, à diferença dos parques, está em
permitir a exploração, desde que
obedecendo às boas regras do manejo sustentável. A questão que ora se
debate -ainda de maneira muito
restrita, apenas no circuito entre governo federal e organizações não-governamentais- é se a exploração deve ser feita na forma de concessões
para empresas madeireiras.
Há entre ambientalistas duas correntes de opinião em conflito, como
retratado em artigos publicados anteontem por esta Folha. Uma vê nessas concessões um dos principais
instrumentos para enfim desenvolver-se no Brasil um setor industrial
madeireiro racionalizado, respeitador da capacidade regeneradora da
própria floresta, condição "sine qua
non" da noção de sustentabilidade.
Não parece haver muita dúvida de
que a atração de madeireiras para
áreas públicas protegidas representa
chance maior de controlar sua atividade. Por outro lado, têm razão também os críticos da ênfase excessiva
nas concessões, ao assinalarem o retrospecto pouco animador de iniciativas desse tipo no Sudeste Asiático.
A Amazônia não pode e não deve ser
vista como uma imensa jazida de
madeiras nobres a ser garimpada
por um tipo primitivo de atividade
empresarial, que deixa atrás de si somente a destruição da floresta e mais
concentração de renda.
Texto Anterior: Editoriais: MICROFINANÇA Próximo Texto: Editoriais: ONDA CONSERVADORA Índice
|