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São Paulo, segunda-feira, 09 de junho de 2003

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FLORESTAS MODERNAS

O dilema equivocado entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental já foi superado entre especialistas, mas não se pode dizer que tenha fincado raízes na opinião pública brasileira, como fica evidente no debate ideologicamente viciado sobre a necessária exploração econômica da Amazônia. Nesse contexto, o Programa Nacional de Florestas (PNF) e seu objetivo de criar 500 mil km2 de florestas nacionais -as chamadas Flonas-oferecem oportunidade única de arejar a discussão de alternativas para o desenvolvimento sustentável da maior área contínua de florestas tropicais do mundo.
A principal característica das Flonas, à diferença dos parques, está em permitir a exploração, desde que obedecendo às boas regras do manejo sustentável. A questão que ora se debate -ainda de maneira muito restrita, apenas no circuito entre governo federal e organizações não-governamentais- é se a exploração deve ser feita na forma de concessões para empresas madeireiras.
Há entre ambientalistas duas correntes de opinião em conflito, como retratado em artigos publicados anteontem por esta Folha. Uma vê nessas concessões um dos principais instrumentos para enfim desenvolver-se no Brasil um setor industrial madeireiro racionalizado, respeitador da capacidade regeneradora da própria floresta, condição "sine qua non" da noção de sustentabilidade.
Não parece haver muita dúvida de que a atração de madeireiras para áreas públicas protegidas representa chance maior de controlar sua atividade. Por outro lado, têm razão também os críticos da ênfase excessiva nas concessões, ao assinalarem o retrospecto pouco animador de iniciativas desse tipo no Sudeste Asiático. A Amazônia não pode e não deve ser vista como uma imensa jazida de madeiras nobres a ser garimpada por um tipo primitivo de atividade empresarial, que deixa atrás de si somente a destruição da floresta e mais concentração de renda.



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