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DAS PALAVRAS À PRÁTICA
Embora inexplicavelmente tardias, as respostas do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva às revelações sobre escândalos de corrupção
em seu governo foram na direção
correta. Acertou o primeiro mandatário ao exonerar as diretorias dos
Correios e do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) e ao indicar para
este último o caminho da privatização. Foi também tranqüilizador ouvir o primeiro mandatário ressaltar
sua responsabilidade como guardião
das instituições e associar a crise a
um sistema político-partidário que
está a exigir aperfeiçoamentos.
Resta saber se as palavras do presidente, que prometeu levar as investigações "até às últimas conseqüências", encontrarão eco em sua base
parlamentar, até há pouco pressionada a "matar" a CPI dos Correios.
A pergunta é se a reviravolta do governo, forçada pelo agravamento do
ambiente político, corresponderá a
um compromisso real com o esclarecimento dos fatos ou apenas a uma
dissimulação com vistas a administrar a crise e salvar as aparências.
O que a sociedade brasileira espera
-e esta Folha considera indispensável- é que tanto os casos dos Correios e do IRB quanto o do suposto
"mensalão", a que se referiu o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), sejam investigados no âmbito de uma
ou duas CPIs. Se de fato o governo,
como afiançou o presidente, dispõe-se a "cortar na carne", a ocasião não
pode ser desperdiçada.
O país está cansado dessa crônica
combinação de corrupção com tergiversações, promessas vazias e inquéritos que não resultam em nada.
Quanto a isso, aliás, soa como diversionismo a oferta do tesoureiro do
PT, Delúbio Soares, de abrir seu sigilo bancário, pois o que se deseja saber é se ele participou do esquema
para pagar "mesadas" a parlamentares -e, em caso afirmativo, qual a
origem dos recursos.
É preciso, portanto, que se realize
uma investigação criteriosa, ampla e
profunda. É verdade que existe a possibilidade de a CPI ser transformada
em palanque eleitoral. Não há, porém, outra alternativa senão correr
esse risco, esperando que as lideranças políticas do país entendam que o
momento exige firmeza, espírito público e responsabilidade.
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