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VALDO CRUZ
Danem-se as regras
BRASÍLIA - Regras são feitas para
serem seguidas. Caso não goste delas, mude-as. Enquanto isso não
acontece, manda o bom senso e a legalidade não atropelá-las. Se fugir
desse roteiro, você pode até se dar
bem em alguns casos. Mas nem
sempre será assim.
Foi o que aconteceu com o governo Lula no seu relacionamento com
as agências reguladoras. Lula e Dilma Rousseff (Casa Civil) têm claramente um viés intervencionista.
Manifestaram desde o início do governo posição contrária à independência das agências.
Como as regras atuais dão independência a essas agências, o governo decidiu propor modificações ao
Congresso em 2004, não aprovadas
até hoje. Que fez o Palácio do Planalto? Praticamente operou como
se tudo já tivesse sido alterado e
mandou ver.
Se deu bem em um episódio, o da
licitação de trechos de rodovias federais. Dilma Rousseff conduziu todo o processo que levou à suspensão do leilão, mandou alterar as regras e colheu um excelente resultado: preços baixos de pedágios. A
ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) operou como
um apêndice da Casa Civil, na linha
do "seu rei mandou".
Se deu muito mal no caso da Varig. Criou um enredo que transformou o gabinete da Casa Civil num
lobista, atropelando a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e forçando o fechamento de um negócio
nebuloso e ilegal sob vários aspectos. Tudo em nome de uma posição
de governo: salvar a companhia
queridinha do Brasil.
Se foi apenas isso já é grave. E se
foi mais do que isso? E se foi, como
se ouve aqui e ali, um negócio armado desde o início para empresários
e gente bem próxima do Palácio do
Planalto ganhar muito, mas muito
dinheiro mesmo?
Não tivesse atropelado as regras,
talvez o gabinete de Dilma Rousseff
não estivesse hoje, mais uma vez,
sob suspeita. Enfim, aí mora o perigo. Considerar que, tendo boas intenções, fica-se livre para burlar
normas. Se foi só isso.
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