São Paulo, terça-feira, 09 de julho de 2002

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A APOSTA DE MALUF

Muitos vaticinaram a "morte" do malufismo no Estado de São Paulo depois do melancólico governo de Celso Pitta na capital e, especialmente, depois de duas derrotas eleitorais seguidas de Paulo Maluf -para Mário Covas, em 1998, na disputa pelo governo do Estado e para Marta Suplicy, em 2000, no pleito para a Prefeitura de São Paulo. Mas a espantosa resistência dessa corrente política pode estar sendo novamente demonstrada.
Diz a mais recente pesquisa do Datafolha que, se a eleição para o Palácio dos Bandeirantes fosse hoje, Maluf teria chance de vencê-la sem necessitar de segundo turno. Com 43% das intenções de voto, o patamar do pepebista é ligeiramente superior ao atingido pelo somatório das preferências de seus adversários (40%), embora ainda se configure empate técnico entre as cifras. Vencer no primeiro turno -e evitar a repetição de uma rodada final de cunho plebiscitário- é a estratégia de campanha mais conveniente para Maluf.
O fôlego do malufismo está associado à existência de uma expressiva parcela de perfil autoritário e conservador no eleitorado. Uma breve retrospectiva dos dois pleitos anteriores ilustra bem o fenômeno.
Em 1994, Paulo Maluf não estava na disputa, mas o candidato que mais catalisou o voto popular-conservador foi Francisco Rossi, que se qualificou para o segundo turno com 22% dos votos válidos (contra 47% de Mário Covas). Em 1998, a soma das votações de Maluf e Rossi no primeiro escrutínio superou os 49%. No processo sucessório atual, Maluf não terá a concorrência de Rossi nem de nenhum outro candidato de perfil parecido ao seu, o que pode facilitar ao pepebista a obtenção da hegemonia nessa faixa do eleitorado.
A questão é saber se o malufismo conseguirá quebrar o tabu de nunca ter vencido eleição direta para o governo de São Paulo. Para isso, aos votos de seu estrato tradicional terá de acrescentar endosso de uma parte do "centro" -o eleitor normalmente mais moderado. Com o ambiente da disputa dominado, como está, pelo tema da segurança pública -em que a imagem do ex-governador exerce conhecido apelo-, Maluf talvez possa ter oportunidade única de receber apoio que extrapole o de seu eleitorado habitual.


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