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A APOSTA DE MALUF
Muitos vaticinaram a "morte"
do malufismo no Estado de
São Paulo depois do melancólico governo de Celso Pitta na capital e, especialmente, depois de duas derrotas
eleitorais seguidas de Paulo Maluf
-para Mário Covas, em 1998, na
disputa pelo governo do Estado e para Marta Suplicy, em 2000, no pleito
para a Prefeitura de São Paulo. Mas a
espantosa resistência dessa corrente
política pode estar sendo novamente
demonstrada.
Diz a mais recente pesquisa do Datafolha que, se a eleição para o Palácio dos Bandeirantes fosse hoje, Maluf teria chance de vencê-la sem necessitar de segundo turno. Com 43%
das intenções de voto, o patamar do
pepebista é ligeiramente superior ao
atingido pelo somatório das preferências de seus adversários (40%),
embora ainda se configure empate
técnico entre as cifras. Vencer no primeiro turno -e evitar a repetição de
uma rodada final de cunho plebiscitário- é a estratégia de campanha
mais conveniente para Maluf.
O fôlego do malufismo está associado à existência de uma expressiva
parcela de perfil autoritário e conservador no eleitorado. Uma breve retrospectiva dos dois pleitos anteriores ilustra bem o fenômeno.
Em 1994, Paulo Maluf não estava na
disputa, mas o candidato que mais
catalisou o voto popular-conservador foi Francisco Rossi, que se qualificou para o segundo turno com 22%
dos votos válidos (contra 47% de Mário Covas). Em 1998, a soma das votações de Maluf e Rossi no primeiro
escrutínio superou os 49%. No processo sucessório atual, Maluf não terá a concorrência de Rossi nem de
nenhum outro candidato de perfil
parecido ao seu, o que pode facilitar
ao pepebista a obtenção da hegemonia nessa faixa do eleitorado.
A questão é saber se o malufismo
conseguirá quebrar o tabu de nunca
ter vencido eleição direta para o governo de São Paulo. Para isso, aos votos de seu estrato tradicional terá de
acrescentar endosso de uma parte do
"centro" -o eleitor normalmente
mais moderado. Com o ambiente da
disputa dominado, como está, pelo
tema da segurança pública -em que
a imagem do ex-governador exerce
conhecido apelo-, Maluf talvez
possa ter oportunidade única de receber apoio que extrapole o de seu
eleitorado habitual.
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