São Paulo, segunda-feira, 09 de julho de 2007

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ALBA ZALUAR

Confiança se ganha

PESQUISAS RECENTES confirmam a pouca confiança depositada nas polícias, principalmente na PM, em quase todos os Estados brasileiros.
Para que a população se sinta protegida de seus predadores é preciso antes de tudo uma profunda reforma policial. Pouco mudou nos baixos salários da PM, no seu equipamento depauperado, na falta de valorização das técnicas investigativas e da inteligência nas carreiras profissionais dos policiais civis e militares em cada Estado da Federação, com pequenas diferenças.
As armas que a polícia usa para matar, e continua a matar muito, ainda não são suficientemente controladas. A corrupção policial permanece, sem que se instituam formas eficientes do controle democrático dela.
Policiais civis e militares continuam cumprindo esquemas de plantão que lhes permitem complementar baixos salários com o "bico" em segurança privada, alguns em empresas montadas por outros policiais mais graduados, outros em empresas informais sem o controle da Polícia Federal.
Isso tudo aumenta a ineficiência policial, que eleva ainda mais a sensação de medo dos cidadãos. A reforma policial precisa ser aprofundada para que todos deixem de se sentir inseguros por causa da incomunicabilidade, ineficiência, corrupção e violência nas polícias, apesar dos esforços já feitos para minorá-las.
Investigações recentes da Polícia Federal começam a levantar o véu do interminável fluxo de armas e drogas para nossas cidades. Não basta. Primeiro, é imprescindível que policiais estaduais parem de matar sem respeitar as normas constitucionais. Muitas ações das polícias podem ser feitas para desarmar os jovens que se armam para serem aceitos pelos colegas armados e que se matam entre si por motivos fúteis. Esta ação pode ser feita com um patrulhamento cujo objetivo seria a apreensão de armas.
No entender de criminólogos, são os projetos que modificam a forma de abordagem e de investigação policiais os que têm efeitos mais sólidos a longo prazo. Nestes, as estratégias de solução de problemas, e não de repressão violenta, mobilizam a vizinhança onde o patrulhamento é modificado.
Mesmo que os resultados dessas tentativas ainda encontrem resistências nas áreas conflagradas sob o domínio armado de traficantes, sem dúvida muito melhorariam a capacidade de negociação, interação e entendimento entre as forças policiais e os moradores. Elas apontam para o caminho dos acordos políticos e da disseminação de novas idéias para que a polícia não continue como inimiga de pobres e favelados.


ALBA ZALUAR escreve às segundas-feiras nesta coluna.


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