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ALBA ZALUAR
Confiança
se ganha
PESQUISAS RECENTES confirmam a pouca confiança depositada nas polícias, principalmente na PM, em quase todos os Estados brasileiros.
Para que a população se sinta
protegida de seus predadores é
preciso antes de tudo uma profunda reforma policial. Pouco mudou
nos baixos salários da PM, no seu
equipamento depauperado, na falta de valorização das técnicas investigativas e da inteligência nas
carreiras profissionais dos policiais civis e militares em cada Estado da Federação, com pequenas diferenças.
As armas que a polícia usa para
matar, e continua a matar muito,
ainda não são suficientemente
controladas. A corrupção policial
permanece, sem que se instituam
formas eficientes do controle democrático dela.
Policiais civis e militares continuam cumprindo esquemas de
plantão que lhes permitem complementar baixos salários com o
"bico" em segurança privada, alguns em empresas montadas por
outros policiais mais graduados,
outros em empresas informais sem
o controle da Polícia Federal.
Isso tudo aumenta a ineficiência
policial, que eleva ainda mais a sensação de medo dos cidadãos. A reforma policial precisa ser aprofundada para que todos deixem de se
sentir inseguros por causa da incomunicabilidade, ineficiência, corrupção e violência nas polícias,
apesar dos esforços já feitos para
minorá-las.
Investigações recentes da Polícia
Federal começam a levantar o véu
do interminável fluxo de armas e
drogas para nossas cidades. Não
basta. Primeiro, é imprescindível
que policiais estaduais parem de
matar sem respeitar as normas
constitucionais. Muitas ações das
polícias podem ser feitas para desarmar os jovens que se armam para serem aceitos pelos colegas armados e que se matam entre si por
motivos fúteis. Esta ação pode ser
feita com um patrulhamento cujo
objetivo seria a apreensão de armas.
No entender de criminólogos,
são os projetos que modificam a
forma de abordagem e de investigação policiais os que têm efeitos
mais sólidos a longo prazo. Nestes,
as estratégias de solução de problemas, e não de repressão violenta,
mobilizam a vizinhança onde o patrulhamento é modificado.
Mesmo que os resultados dessas
tentativas ainda encontrem resistências nas áreas conflagradas sob
o domínio armado de traficantes,
sem dúvida muito melhorariam a
capacidade de negociação, interação e entendimento entre as forças
policiais e os moradores. Elas
apontam para o caminho dos acordos políticos e da disseminação de
novas idéias para que a polícia não
continue como inimiga de pobres e
favelados.
ALBA ZALUAR escreve às segundas-feiras nesta
coluna.
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