São Paulo, quarta-feira, 09 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CLÓVIS ROSSI

As baleias se movem. Devagar

HOKKAIDO - O G5, um informal clube das grandes economias ditas emergentes (Brasil, China, Índia, África do Sul e México, que somam 42% da população e 12% da economia mundial), está ensaiando deixar de ser o convidado de pedra do mundo rico nas cúpulas do G8, que reúne os sete países mais ricos do planeta e a Rússia, agregada por ter deixado de ser comunista.
Ontem, o time do G5 reuniu-se no Grand Hotel de Sapporo, a uns 200 quilômetros do Windsor Spa Hotel, no qual terminava a cúpula do G8. Hoje, os emergentes saem de Sapporo para o luxuoso Windsor, para dialogar com os ricos, mas sem poder influir nas decisões destes, na medida em que o comunicado final do G8 já foi divulgado.
De todo modo, o G5 começou a estudar a hipótese de se reunir meses antes das cúpulas do G8, exatamente para dar tempo de preparar posições conjuntas e fazê-las chegar aos ricos na esperança de influenciar suas tomadas de posição. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu o Brasil como sede desse encontro.
Na prática, o que se está vendo é uma coreografia de poder na governança global. Líderes como o presidente francês Nicolas Sarkozy já perceberam o óbvio: não adianta tomar decisões que não comprometam pelo menos China e Índia, com suas populações superiores a 1 bilhão de pessoas, as únicas que superam essa marca. Mas a engrenagem mundial move-se lentamente, muito mais lentamente do que as crises. Por isso, o G5 vai continuar jogando numa, digamos, segunda divisão pelo menos até o próximo encontro dos dois Gs, já marcado para a Sardenha, na Itália.
Pior: fica adiada indefinidamente a hipótese de uma ação coordenada entre esses 13 países para enfrentar o desafio do presente (a disparada de preços do petróleo e dos alimentos) e do futuro (o aquecimento global).

crossi@uol.com.br


Texto Anterior: Editoriais: Cinismo alimentar

Próximo Texto: Brasília - Melchiades Filho: Haverá sangue
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.