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CLÓVIS ROSSI
As baleias se movem. Devagar
HOKKAIDO - O G5, um informal
clube das grandes economias ditas
emergentes (Brasil, China, Índia,
África do Sul e México, que somam
42% da população e 12% da economia mundial), está ensaiando deixar de ser o convidado de pedra do
mundo rico nas cúpulas do G8, que
reúne os sete países mais ricos do
planeta e a Rússia, agregada por ter
deixado de ser comunista.
Ontem, o time do G5 reuniu-se
no Grand Hotel de Sapporo, a uns
200 quilômetros do Windsor Spa
Hotel, no qual terminava a cúpula
do G8. Hoje, os emergentes saem de
Sapporo para o luxuoso Windsor,
para dialogar com os ricos, mas sem
poder influir nas decisões destes,
na medida em que o comunicado final do G8 já foi divulgado.
De todo modo, o G5 começou a
estudar a hipótese de se reunir meses antes das cúpulas do G8, exatamente para dar tempo de preparar
posições conjuntas e fazê-las chegar aos ricos na esperança de influenciar suas tomadas de posição.
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva ofereceu o Brasil como sede
desse encontro.
Na prática, o que se está vendo é
uma coreografia de poder na governança global. Líderes como o presidente francês Nicolas Sarkozy já
perceberam o óbvio: não adianta
tomar decisões que não comprometam pelo menos China e Índia,
com suas populações superiores a 1
bilhão de pessoas, as únicas que superam essa marca.
Mas a engrenagem mundial move-se lentamente, muito mais lentamente do que as crises. Por isso, o
G5 vai continuar jogando numa, digamos, segunda divisão pelo menos
até o próximo encontro dos dois Gs,
já marcado para a Sardenha, na Itália.
Pior: fica adiada indefinidamente
a hipótese de uma ação coordenada
entre esses 13 países para enfrentar
o desafio do presente (a disparada
de preços do petróleo e dos alimentos) e do futuro (o aquecimento global).
crossi@uol.com.br
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