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ELIANE CANTANHÊDE
A namoradinha de São Paulo
BRASÍLIA - Na eleição presidencial de 2002, os petistas se escandalizaram com um depoimento da atriz
Regina Duarte para o programa do
tucano José Serra em que ela dizia
"ter medo" da eleição de Lula.
Na eleição municipal de 2004, o que
dirão petistas e tucanos sobre as declarações de ontem da própria candidata Marta Suplicy, que falou do fantasma de uma "crise política se alastrando" caso o mesmo Serra seja eleito prefeito de São Paulo?
Segundo Marta, no seu mais duro
ataque durante a campanha, a vitória de Serra significaria transformar
São Paulo em "alicerce da oposição
ao governo federal", o que levaria ao
"acirramento da disputa política".
Ou seja, seria o caos.
Saiu de cena a "namoradinha do
Brasil" (apelido de Regina Duarte como atriz de sucesso em novelas) e entrou a "namoradinha de São Paulo".
Mas armada até os dentes.
A reação de Marta, inesperada, caracteriza uma vitória da linha "mais
agressiva" defendida por seu marido,
Luis Favre, contra a linha "paz e
amor" que o marqueteiro Duda
Mendonça impôs à campanha, maquiando uma candidata de gênio difícil como uma mocinha doce.
A reviravolta na estratégia reflete
as pesquisas desfavoráveis e o ânimo
da campanha petista em São Paulo.
De passagem por Brasília na última
segunda-feira, o próprio Duda tratou
de limpar a barra previamente com o
governo, avisando com todas as letras que a eleição está "difícil".
Na avaliação, Duda disse que a
eleição está "pau a pau" no primeiro
turno e que Marta precisaria entrar
com boa folga no segundo para neutralizar a migração de votos de Maluf
e de Erundina para Serra e ultrapassar a tendência pró-tucano.
O marqueteiro, porém, não defendeu que Marta deva partir para a
apelação. Ou as ameaças de ontem
foram sopradas por Favre ou simplesmente foram instintivas da prefeita paulistana. Que, em público, até
manda o ex-marido e o vice-prefeito
"calarem a boca". E que, de "paz e
amor", não costuma ter nada.
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