São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

A namoradinha de São Paulo

BRASÍLIA - Na eleição presidencial de 2002, os petistas se escandalizaram com um depoimento da atriz Regina Duarte para o programa do tucano José Serra em que ela dizia "ter medo" da eleição de Lula.
Na eleição municipal de 2004, o que dirão petistas e tucanos sobre as declarações de ontem da própria candidata Marta Suplicy, que falou do fantasma de uma "crise política se alastrando" caso o mesmo Serra seja eleito prefeito de São Paulo?
Segundo Marta, no seu mais duro ataque durante a campanha, a vitória de Serra significaria transformar São Paulo em "alicerce da oposição ao governo federal", o que levaria ao "acirramento da disputa política". Ou seja, seria o caos.
Saiu de cena a "namoradinha do Brasil" (apelido de Regina Duarte como atriz de sucesso em novelas) e entrou a "namoradinha de São Paulo". Mas armada até os dentes.
A reação de Marta, inesperada, caracteriza uma vitória da linha "mais agressiva" defendida por seu marido, Luis Favre, contra a linha "paz e amor" que o marqueteiro Duda Mendonça impôs à campanha, maquiando uma candidata de gênio difícil como uma mocinha doce.
A reviravolta na estratégia reflete as pesquisas desfavoráveis e o ânimo da campanha petista em São Paulo. De passagem por Brasília na última segunda-feira, o próprio Duda tratou de limpar a barra previamente com o governo, avisando com todas as letras que a eleição está "difícil".
Na avaliação, Duda disse que a eleição está "pau a pau" no primeiro turno e que Marta precisaria entrar com boa folga no segundo para neutralizar a migração de votos de Maluf e de Erundina para Serra e ultrapassar a tendência pró-tucano.
O marqueteiro, porém, não defendeu que Marta deva partir para a apelação. Ou as ameaças de ontem foram sopradas por Favre ou simplesmente foram instintivas da prefeita paulistana. Que, em público, até manda o ex-marido e o vice-prefeito "calarem a boca". E que, de "paz e amor", não costuma ter nada.


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