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CLÓVIS ROSSI
Gênese da delinquência
SÃO PAULO - Vinicius Torres Freire, que, como Gardel, "cada día
canta mejor", disse em sua coluna
de ontem em "Mercado" quase tudo o que eu gostaria de dizer sobre o
mais recente escândalo da escandalosa política tapuia.
O foco, a meu ver, foi a frase "Lula e o lulo-petismo (...) apadrinharam malfeitores". Bingo.
Faltou apenas explicitar a gênese do apadrinhamento. Está na frase de Lula sobre o mensalão, na famosa entrevista dada em Paris: "O
PT fez o que todo mundo faz".
O que todo mundo faz, segundo
Lula, seria caixa dois. Circunscrever o mensalão a caixa dois não teve aval do então procurador-geral,
que acusou um lote de petistas
graúdos de, entre outros crimes,
"formação de quadrilha". O STF
acolheu a argumentação do procurador.
Muito bem. Mesmo que tivesse
sido apenas caixa dois, resta o fato
de que "caixa dois é coisa de bandido", frase de ninguém menos que
Márcio Thomaz Bastos, então ministro da Justiça.
Não há, até agora, a bala de prata
que prove que o PT, como instituição, e a campanha Dilma estejam
envolvidos na quebra de sigilo de
tucanos. Mas a frase de Lula, aceitando que o PT fez o que seu ministro disse ser "coisa de bandido",
equivale a apadrinhar malfeitores,
como escreveu Vinicius.
Apadrinhamento que o ministro
Guido Mantega trouxe para o tempo presente, ao dizer que "vazamentos sempre ocorrem". Todo o
mundo sabe que ocorrem, mas, ao
conformar-se com a delinquência,
o ministro do PT está também apadrinhando-a por omissão.
Nada a ver com o discurso de
posse (a primeira) de Luiz Inácio
Lula da Silva, que dizia: "O combate à corrupção e a defesa da ética no
trato da coisa pública serão objetivos centrais e permanentes de meu
governo. É preciso enfrentar (...) e
derrotar a verdadeira cultura da impunidade que prevalece em certos
setores da vida brasileira".
crossi@uol.com.br
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