São Paulo, Quinta-feira, 09 de Setembro de 1999
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GARGALOS DA EXPORTAÇÃO

O crescimento brasileiro enfrenta um problema central: falta de financiamento. A bolha gerada pelo Plano Real só teve sustentação enquanto havia financiamento externo.
A questão se complica porque, crescendo, aumentam as necessidades de importação. E um país só consegue importar mais com financiamento externo se mostrar que também é capaz de gerar receitas em moeda forte, em dólares, que ajudem a pagar a dívida externa.
O desempenho exportador é crucial mesmo para os investidores, cujos dólares ajudam a financiar o país (via privatizações, aquisições, novas fábricas). Afinal, o investidor vem com a expectativa de remeter lucros e dividendos, em dólares também.
Para exportar mais, além de fatores de mercado como os preços externos ou a dinâmica dos mercados mundiais, falta infra-estrutura adequada.
São gargalos conhecidos como "custo Brasil". Um levantamento recente conduzido pela Câmara Americana de Comércio de São Paulo, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, deu precisão ao diagnóstico.
O resultado desse levantamento é surpreendente. Mais que os custos de transporte, o peso dos impostos ou a falta de qualidade dos produtos, as empresas apontaram como principal obstáculo o desembaraço aduaneiro.
Em uma palavra, o problema é a burocracia, da liberação de cargas às restrições de horários de operação da alfândega, passando pelo papelório tão ao gosto dos fiscais.
Enfrentá-las não exige grandes investimentos em infra-estrutura, apenas vontade política e conhecimentos básicos de logística.
Segundo a pesquisa, o Brasil poderia exportar US$ 25 bilhões a mais, por ano, e reduzir de 124 para 61 dias o prazo médio de cada exportação.
Não se trata apenas de um detalhe comercial. Enfrentar esses problemas e resistências burocráticas é essencial para permitir que o país venha a crescer mais, ampliando a disponibilidade de financiamento externo sustentável e saudável.


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