São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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GUARDAR RESERVAS

É bem-vinda, embora tardia, a decisão do Banco Central de criar mais dificuldades para a especulação com o dólar. Anunciada na segunda-feira, a medida obriga os bancos a ampliar em até 50% o capital que garante suas operações com dólares. Para se enquadrar às novas normas, eles terão de combinar duas medidas: reforçar esse capital ou reduzir suas operações em dólar. Como essa segunda opção tende a ser mais cômoda, espera-se que a oferta de dólares aumente, atuando como fator de contenção do seu preço.
Ontem, no primeiro dia de vigência da nova norma, a cotação do dólar caiu apenas 0,13%. Alguns esperavam que a medida tivesse impacto mais forte. Mas cabe a ressalva de que o prazo para que os bancos se ajustem é de cinco dias úteis.
É possível, até, que a medida anunciada na segunda-feira acabe por se revelar pouco eficaz. Nem por isso ela é condenável. Pelo contrário: se for verificada sua ineficácia, o que caberia seria conceber e implementar novas medidas voltadas a restringir o raio de manobra dos investidores para especular com o dólar.
A atual conjuntura tem sido propícia a movimentos especulativos. A cotação do dólar nos dias que antecederam grandes resgates de títulos públicos atrelados ao câmbio definiu o valor pelo qual o BC os resgatou. Pois nesses dias o dólar teve alta forte, revertida logo a seguir. Lucraram, e muito, com a alta transitória os detentores dos títulos. Os cofres públicos sofreram sacrifício injustificável.
Conter a alta do dólar e limitar a volatilidade da sua cotação são importantes objetivos imediatos da política econômica. Mas o BC não deve recorrer à venda maciça de dólares no mercado à vista para alcançar esses objetivos, sob pena de reduzir em demasia seu estoque de reservas e colocar-se em situação ainda mais delicada caso a escassez de dólares se prolongue. Por isso deveriam ser reforçados os instrumentos que ajudem a disciplinar o mercado de câmbio sem sacrificar as reservas.


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