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GUARDAR RESERVAS
É bem-vinda, embora tardia, a
decisão do Banco Central de
criar mais dificuldades para a especulação com o dólar. Anunciada na
segunda-feira, a medida obriga os
bancos a ampliar em até 50% o capital que garante suas operações com
dólares. Para se enquadrar às novas
normas, eles terão de combinar duas
medidas: reforçar esse capital ou reduzir suas operações em dólar. Como essa segunda opção tende a ser
mais cômoda, espera-se que a oferta
de dólares aumente, atuando como
fator de contenção do seu preço.
Ontem, no primeiro dia de vigência
da nova norma, a cotação do dólar
caiu apenas 0,13%. Alguns esperavam que a medida tivesse impacto
mais forte. Mas cabe a ressalva de
que o prazo para que os bancos se
ajustem é de cinco dias úteis.
É possível, até, que a medida anunciada na segunda-feira acabe por se
revelar pouco eficaz. Nem por isso
ela é condenável. Pelo contrário: se
for verificada sua ineficácia, o que caberia seria conceber e implementar
novas medidas voltadas a restringir o
raio de manobra dos investidores para especular com o dólar.
A atual conjuntura tem sido propícia a movimentos especulativos. A
cotação do dólar nos dias que antecederam grandes resgates de títulos
públicos atrelados ao câmbio definiu
o valor pelo qual o BC os resgatou.
Pois nesses dias o dólar teve alta forte, revertida logo a seguir. Lucraram,
e muito, com a alta transitória os detentores dos títulos. Os cofres públicos sofreram sacrifício injustificável.
Conter a alta do dólar e limitar a volatilidade da sua cotação são importantes objetivos imediatos da política
econômica. Mas o BC não deve recorrer à venda maciça de dólares no
mercado à vista para alcançar esses
objetivos, sob pena de reduzir em demasia seu estoque de reservas e colocar-se em situação ainda mais delicada caso a escassez de dólares se prolongue. Por isso deveriam ser reforçados os instrumentos que ajudem a
disciplinar o mercado de câmbio
sem sacrificar as reservas.
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