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Concentrado bancário
Maior negócio bancário da história vai levar a mais concentração no Brasil; dúvida é se clientes serão beneficiados
A MAIOR aquisição bancária da história mundial -a compra, por
US$ 100 bilhões, do
ABN Amro Bank pelo consórcio
formado por Royal Bank of Scotland, Santander e Fortis- terá
grande repercussão no Brasil.
A instituição resultante da incorporação do Real/ABN pelo
Santander deterá
ativos de R$ 278
bilhões e assumirá o posto de terceira maior do
país. A presença
de um banco estrangeiro entre os
maiores do Brasil
também é uma
novidade.
A operação,
ademais, impulsiona a estratégia
da casa bancária
espanhola na
América Latina,
onde deterá 15%
do mercado. O negócio bilionário tende a incentivar outras
grandes instituições, domésticas
e estrangeiras, a sair às compras
como estratégia para defender-se. Ou seja: todos os vetores estão direcionados para mais concentração bancária.
No que tange aos efeitos potenciais para o consumidor, a
operação acontece num quadro
de mudanças no modelo de negócios no Brasil. Os bancos ampliam agressivamente os empréstimos -sobretudo para pessoas físicas- e reduzem as transações com dívida pública.
O volume de crédito se expandiu, as taxas de juros médias caíram e os prazos foram alongados.
Em agosto de 2006, o estoque de
crédito alcançou 33,1% do PIB,
representando um aumento de
10 pontos percentuais em relação a agosto de 2003. As taxas de
juros médias caíram para 35,75%
ao ano, uma queda de 17 pontos
percentuais no mesmo período.
Ainda situam-se, contudo, em
patamares bastante elevados em
comparação a outros países.
O avanço do Santander sobre
os outros grandes bancos brasileiros renova as expectativas de
que seja acirrada
a competição entre eles, beneficiando diretamente os clientes. Mas é preciso
não perder de vista que o aumento
da concentração
no mercado traz
consigo também
o risco da oligopolização. Os dez
maiores bancos
deterão 72% dos
ativos -contra
70% hoje.
Bancos cada
vez maiores e mais complexos
vão demandar aperfeiçoamento
nas técnicas de supervisão por
parte das autoridades brasileiras. Um teste iminente será a regulamentação das tarifas, que tiraram dos clientes e levaram para os bancos R$ 23,3 bilhões no
primeiro semestre, tornando-se
uma das maiores fontes de receita dessas empresas financeiras.
As tarifas cobrem 123% das despesas com a folha de pagamento
dos bancos. No início do Plano
Real, cobriam 40%.
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