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A obra pára, o prejuízo não
NO BRASIL obras paradas
são a marca física da descontinuidade administrativa. Em qualquer grande cidade é fácil encontrar um esqueleto de construção pública.
Quem o examinar logo identificará uma troca de prefeito, de governador ou presidente como
origem da paralisação.
Levantamento realizado pela
Folha em 21 cidades com mais
de 100 mil habitantes computou
26 obras públicas paradas, nas
quais já se gastaram inutilmente
ao menos R$ 243 milhões. Entre
elas estão quatro hospitais, um
centro de lazer, um viaduto, uma
biblioteca e um ginásio de esportes já apelidado de "coliseu".
Se o mesmo padrão de desperdício se repetir em cada um dos
266 municípios com mais de 100
mil habitantes, o total de recursos públicos jogados fora chega
sem dificuldade à casa dos R$ 3
bilhões. Isso sem contar os custos sociais da não-realização do
projeto -supondo-se, é claro,
que ele era necessário.
Embora muitas causas possam
concorrer para a interrupção de
uma obra, as duas mais comuns
são o desinteresse dos gestores
em concluir projetos de antecessores e a falta de planejamento.
É natural que políticos relutem
em dar continuidade a obras que,
concluídas, irão consagrar antecessores. A pressão da sociedade
é um mecanismo eficaz, malgrado seu longo prazo de maturação, para mudar esse estado de
coisas. Começam a tornar-se
mais freqüentes compromissos,
firmados por candidatos em plena campanha eleitoral, destinados a dar seqüência a projetos
bem aceitos pela população.
Sobretudo em setores estratégicos como educação e saúde, lida-se com projetos cujo horizonte de maturação vai muito além
dos quatro ou oito anos de uma
administração. Pensar só com a
cabeça de um político em busca
de glórias pessoais é prejudicar a
sociedade como um todo.
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