São Paulo, sábado, 09 de outubro de 2010

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FERNANDO RODRIGUES

Segundos turnos

BRASÍLIA - Uma lenta tendência se firma nas eleições brasileiras: sempre menos governadores são escolhidos no segundo turno. Neste ano, só nove disputas serão decididas em 31 de outubro. É o menor número desde 1990, quando o instrumento foi usado pela primeira vez nos Estados.
Como registrou o jornal "Valor Econômico" nesta semana, os segundos turnos de 2010 também são os que têm uma drástica redução do número de eleitores envolvidos: meros 14% do total do país. Além de serem apenas nove disputas, todas ocorrem em unidades da Federação com população reduzida.
Esse fenômeno indica que o segundo turno da eleição presidencial será quase uma disputa solteira. Ou seja, só 14% dos eleitores receberão colas com os nomes dos candidatos a governador e a presidente. Os restantes serão alvos solitários das campanhas de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). É difícil prever o resultado dessa conjuntura inédita, embora eleições anteriores tenham deixado pistas.
Nas duas vezes em que foi eleito presidente, 2002 e 2006, Lula desfrutou de massas muito maiores de eleitores envolvidas em segundos turnos de eleições de governadores. Ou seja, sua campanha era casada em vários Estados com seus aliados locais. Agora, Dilma e Serra não terão esse benefício.
Como o segundo turno deste ano cai no início de um fim de semana prolongado -31 de outubro é o domingo que antecede o feriado de Finados-, muitos eleitores podem se sentir menos compelidos a votar. Afinal, é só o voto para presidente. A campanha local para eleger o governador já estará desmobilizada em quase todo o país.
Tudo considerado, o cenário fica ainda mais difícil de ter um desfecho previsível pelas características únicas da eleição deste ano. Um presidente com cerca de 80% de aprovação é um grande cabo eleitoral, mas até o momento não dá certeza de vitória a sua candidata.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br


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