|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
FERNANDO RODRIGUES
Segundos turnos
BRASÍLIA - Uma lenta tendência se
firma nas eleições brasileiras: sempre menos governadores são escolhidos no segundo turno. Neste
ano, só nove disputas serão decididas em 31 de outubro. É o menor
número desde 1990, quando o instrumento foi usado pela primeira
vez nos Estados.
Como registrou o jornal "Valor
Econômico" nesta semana, os segundos turnos de 2010 também são
os que têm uma drástica redução
do número de eleitores envolvidos:
meros 14% do total do país. Além
de serem apenas nove disputas, todas ocorrem em unidades da Federação com população reduzida.
Esse fenômeno indica que o segundo turno da eleição presidencial será quase uma disputa solteira. Ou seja, só 14% dos eleitores receberão colas com os nomes dos
candidatos a governador e a presidente. Os restantes serão alvos solitários das campanhas de Dilma
Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). É
difícil prever o resultado dessa conjuntura inédita, embora eleições
anteriores tenham deixado pistas.
Nas duas vezes em que foi eleito
presidente, 2002 e 2006, Lula desfrutou de massas muito maiores de
eleitores envolvidas em segundos
turnos de eleições de governadores. Ou seja, sua campanha era casada em vários Estados com seus
aliados locais. Agora, Dilma e Serra
não terão esse benefício.
Como o segundo turno deste ano
cai no início de um fim de semana
prolongado -31 de outubro é o domingo que antecede o feriado de Finados-, muitos eleitores podem se
sentir menos compelidos a votar.
Afinal, é só o voto para presidente.
A campanha local para eleger o governador já estará desmobilizada
em quase todo o país.
Tudo considerado, o cenário fica
ainda mais difícil de ter um desfecho previsível pelas características
únicas da eleição deste ano. Um
presidente com cerca de 80% de
aprovação é um grande cabo eleitoral, mas até o momento não dá certeza de vitória a sua candidata.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Fernando de Barros e Silva: Marina contra o "ecobusiness" Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Nova língua Índice | Comunicar Erros
|