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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Marina contra o "ecobusiness"
SÃO PAULO - "Não adianta ficar
com conversinha de século 21, sustentabilidade, meio ambiente e não
sei o quê sem ter algo concreto para
a população". A frase não saiu da
boca de nenhum empreiteiro apressado, ninguém da bancada ruralista. Quem disse isso, em entrevista à
Folha de ontem, foi Marcos Belizário, membro do PV, secretário na
gestão de Gilberto Kassab (DEM).
Ele mesmo diz ser "um cara prático". Nada de conversinha. O PV
que ele representa é aquele que se
apropria do prestígio internacional
e do apelo "ecumênico" da causa
verde como fachada para legitimar
práticas políticas paroquiais e viciadas. A energia que alimenta esse
PV é a fisiologia autossustentável.
Há no partido, é claro, no Rio em
particular, quadros qualificados e
empenhados em dotar o PV de uma
espinha dorsal programática: Alfredo Sirkis, Fernando Gabeira, Aspásia Camargo estão entre eles.
Belizário pertence à turma liderada por José Luiz Penna, outro "cara prático". Penna já era presidente
do PV quando, em 2008, a Folha revelou o escândalo das notas fiscais
fantasmas: o partido criou numa cidade do interior paulista mais de
600 empresas fictícias (muitas delas com endereço num lago, em
"homenagem à natureza") para esquentar o destino do dinheiro do
fundo partidário: em torno de R$
800 mil. O caso ainda está no TSE.
É essa turma do PV, todos "do
bem", que quer se acertar logo com
a candidatura José Serra. No pior
cenário, negociam vantagens no
governo Alckmin. Ao tomar ciência
de que a barganha ia solta, Marina
Silva ironizou tanto apetite: "Quatro ministérios para o PV... Caramba! Do jeito que tem gente aí, basta
pensar num conselho de estatal".
O fato é que Marina deu ao PV
uma projeção que o partido jamais
teve no Brasil. Deu também uma
chance histórica ao partido, que já
está indo pelo ralo. Marina tem razões pessoais e políticas, ancoradas
em valores, para não apoiar nem
Dilma nem Serra agora. As do PV
são como Belizário -bem práticas.
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