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METAS NA TRANSIÇÃO
Mudanças de hábito entre os
consumidores, debates sobre
indexação de contratos e salários e
dúvidas sobre as metas inflacionárias parecem indicar que começa
uma nova fase na economia brasileira. O mínimo que se pode dizer é que
se iniciou uma fase de transição.
No cenário mais otimista, a alta recente da inflação não passa de uma
bolha provocada pela especulação
cambial e pela ansiedade eleitoral.
Haveria sinais de moderação, baixa
no risco e recuo do dólar. Aos poucos, esse cenário se consolidaria.
O ajuste recessivo promoveria os
saldos no comércio exterior e a redução do desequilíbrio externo. O câmbio recuaria, assim como a inflação,
abrindo espaço para o crescimento
com estabilidade de preços.
No cenário mais pessimista, embora hoje menos provável, o governo
Lula seguiria a receita do governo
FHC. Manteria os juros elevados e
prosseguiria o arrocho fiscal, perseverando numa trajetória recessiva.
Embora pareça austera e responsável, essa orientação agravaria o desequilíbrio nas contas públicas e deprimiria o desempenho das empresas.
Mas dificilmente restauraria o crédito externo e, a exemplo da Argentina, o suposto ajuste ortodoxo apenas
precipitaria o país numa estagnação
cujo limite é a insolvência, sem estabilização do câmbio ou da inflação.
Como na crise dos anos 80, o resultado mais provável seria a estagflação
(estagnação com inflação).
Talvez, porém, a realidade se revele
um meio-termo entre o cenário pessimista e o otimista. Sem estabilização nem colapso financeiro com estagflação, as metas inflacionárias
poderiam ser menos ambiciosas e o
regime de metas, mais flexível.
Não se trata de acreditar que são
baixos os riscos de "um pouco" mais
de inflação. No entanto, é preciso reconhecer que a obsessão antiinflacionária não só está longe de garantir
sucesso para o regime de metas como fragiliza a economia e o Estado.
As metas fazem parte da transição. O
ideal é alcançar, o quanto antes, outra política econômica mais propícia
ao desenvolvimento do país.
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