Encontram-se em Roma, nestes dias (4-15/11) os bispos católicos de Minas Gerais e Espírito Santo. Trata-se da visita que, por obrigação do pastoreio, a cada cinco anos, fazem os bispos ao Santo Padre e às Congregações Romanas.
É uma antiga tradição que conserva o nome latino "ad limina apostolorum", indicando que os pastores de todas as partes da Igreja peregrinam até o "limiar" da cidade, sede do primeiro apóstolo, fundamento visível da unidade dos bispos e dos fiéis. É em Roma que são venerados os apóstolos São Pedro e São Paulo, colunas da Igreja e mártires da fé em Jesus Cristo.
Essa viagem a Roma varia um pouco, conforme as situações peculiares de cada país e circunstâncias especiais como a convocação dos sínodos.
O sentido profundo desse venerável encontro é o de expressar a comunhão com o romano Pontífice, a fidelidade à cátedra que preside, na caridade, as várias igrejas, de estreitar os laços de cooperação eclesial, graças aos contatos com os organismos da Sé Apostólica.
Pertencem ao programa das visitas "ad limina" a conversa pessoal de cada bispo com o sucessor de Pedro, a concelebração eucarística com o Santo Padre, as audiências com 12 congregações romanas e conselhos pontifícios, que analisam em comum com os bispos os relatórios enviados anteriormente sobre as próprias dioceses. Ao final, os bispos se reúnem para uma exortação fraterna do Santo Padre sobre alguns aspectos pastorais de suas regiões. Sempre que possível, há convite para uma refeição em grupos com o Papa, quando a conversa é muito aberta e cordial. Cada conferência episcopal organiza ainda as celebrações nas basílicas maiores e santuários.
Nessa quinta-feira (7/11) tive a satisfação do colóquio pessoal com João Paulo 2º. São minutos inesquecíveis marcados pela acolhida paterna e afável. Percebi sua dificuldade em caminhar. Mas, apesar disto, levanta-se para cumprimentar o bispo e depois, com um sorriso, senta-se e inicia a conversa. Fez questão de falar em português. Ouve tudo com muita atenção. Guarda vivamente na memória a lembrança das visitas ao Brasil e de outros encontros. Pergunta pela diocese e a abençoa. Com grande interessa e carinho, pediu mais notícias sobre o Brasil. Descrevi o clima de respeito e ambiente pacífico em que se realizaram as eleições, informando sobre as expectativas do nosso povo de que se conceda prioridade aos aspectos sociais e, em especial, à superação da miséria e da fome. O Santo Padre reza sempre pela nossa pátria.
Externei ao Vigário de Cristo a sincera gratidão por seu exemplo de fé e de coragem no exercício de seu ministério e por seu incansável empenho pelo diálogo e concórdia entre os povos. Agradeci a recente e bela exortação com que acaba de brindar a Igreja, sobre o Rosário de Nossa Senhora, mostrando o valor cristocêntrico desta devoção.
Enquanto os minutos passavam, contemplava o rosto plácido e encanecido daquele que Jesus Cristo escolheu para reger hoje a sua Igreja.
Deus recompense e abençoe esse "Homem de Paz" para que continue proclamando a mensagem de esperança dos bens futuros e de perdão e solidariedade fraterna em nossos dias.