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São Paulo, domingo, 09 de novembro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Covardia
"As autoridades e a mídia não deveriam usar o termo "ousadia" para se referir às ações atribuídas ao PCC. Em primeiro lugar, porque o termo chega a ser lisonjeiro. Já existe em nossa sociedade uma atração pela bandidagem, equivocadamente associada a um certo tipo de heroísmo. Várias lacunas do poder público e posições equivocadas da polícia deram margem a isso. Dizer que os bandidos são "ousados" vai ao encontro do que eles pretendem -impressionar, intimidar. Se pensarmos que eles têm armamento pesado, total desrespeito pela vida e nenhum compromisso, vemos que é fácil demais agir como agem: atirando na casa de uma policial enquanto ela amamenta o filho, por exemplo. Mais adequado seria usar a palavra "covardia". Basta de cultuar a violência!"
Sonia Francine (São Paulo, SP)


"Ser policial, neste país, sobretudo em São Paulo, é tarefa difícil. Eles não são alvos apenas de críticas -muitas vezes injustas e quase sempre generalizadas- mas também de toda a sorte de violência. As mais recentes foram os sucessivos ataques do crime organizado. Mas não é só isso. A política salarial asfixiante do governo também é uma forma de violência -talvez a única que eles não estejam preparados para enfrentar. Como é possível que o Estado mais rico da federação tenha cargos na polícia com os piores salários do Brasil? O governador deveria adotar uma política mais séria e enérgica contra o crime e reconhecer verdadeiramente o valor de sua polícia, dando-lhes salários dignos. Estranhamente, ele limita-se a fazer visitas a postos da polícia e discursos vazios, que não matam a fome nem pagam as contas dos policiais."
Alex Lima (São Paulo, SP)
 

"Quando sentenças judiciais são vendidas como ações em Bolsas de Valores, quando a segurança pública serve aos interesses privados -eficaz na repressão a manifestações populares, mas não no combate à criminalidade-, quando governos se escondem em palácios e por trás de retóricas e não passam de comitês para gerir os negócios dos especuladores financeiros, quando a sociedade civil, amedrontada, adere à lei do silêncio, quando um ministro do Supremo Tribunal Federal diz, na "caradura", que incluiu na Constituição artigos que não foram votados, quando traficantes controlam, de dentro das penitenciárias e em conivência com agentes penitenciários, o narcotráfico, quando a mídia fica a serviço do sensacionalismo e do cinismo para reproduzir a ideologia mentirosa dos poderosos, temos de concordar com quem disse que "só há uma coisa organizada no Brasil: o crime"."
Jânio Ribeiro (Indaiatuba, SP)

Apesar
"O PSDB e o PFL jogam a culpa no PT, dizendo que as posições de Lula e companhia assustaram investidores no ano passado, levando à crise deste ano. Ora, caso FHC não tivesse criado uma dívida interna e externa monstruosa, uma economia estagnada e uma grande dependência externa, será que o PT assustaria tanto quanto pregam os cavaleiros do apocalipse do PSDB e do PFL? Aliás, todos devem se lembrar de que membros do governo anterior disseram que, se o PT ganhasse, o caos tomaria o país. A profecia não se concretizou, apesar da torcida de alguns."
Cristiano Rezende Penha (Campinas, SP)

Mercosul
"Em relação à reportagem "Argentinos não pagam o Mercosul" (Dinheiro, pág. B4, 4/10), sobre o estado dos débitos da República Argentina em relação ao orçamento da secretaria do Mercosul, informo que sempre foi preocupação dos Estados-parte cumprir estritamente com os compromissos assumidos em matéria orçamentária para o funcionamento normal desta secretaria. Prova disso é o pagamento efetuado em 23/10 deste ano pela República Argentina ao orçamento da secretaria, com o qual se cancelou a dívida desse país referente ao ano de 2002 -ademais dos custos financeiros de mora devidos referentes aos anos de 2001 e de 2002, ficando ainda pendente apenas o valor de US$ 188.427,57, referente ao orçamento de 2003. Assim, não é correta a informação de que o valor devido por aquele país é o indicado na reportagem acima citada."
Reginaldo Braga Arcuri, secretaria do Mercosul (Montevidéu, Uruguai)
Nota da Redação - Leia a seção "Erramos".

Maconha
"A Justiça quer ouvir e processar a atriz Luana Piovani pelo fato de ela ter afirmado em entrevista que usa maconha. Processá-la por ter falado que usa maconha? Por favor! Sugiro que cacem traficantes e lutem para modificar a legislação para que eles, traficantes, passem 30 anos na cadeia. Aí, sim, a população aplaudiria a Justiça."
Antonio Carlos Ciccone (São Paulo, SP)

Revolução interna
"O governo Bush não tem legitimidade democrática para pretender impor a tal "revolução democrática" que está apresentando -que começou no Iraque e sabe-se lá onde vai acabar. Antes de os EUA pretenderem revolucionar o mundo, eles deveriam se preocupar em fazer uma revolução na democracia americana. A começar por acabar com o domínio dos grandes partidos -democrata e republicano-, que impedem que outros partidos tenham representatividade. As decisões da Suprema Corte americana são altamente politizadas, sendo sempre favoráveis aos partidos que têm maior representatividade no momento, como aconteceu nas últimas eleições, quando os republicanos se apossaram do poder."
Mário Barilá Filho (São Paulo, SP)

Rapidez
"É impressionante a rapidez com que a Prefeitura de São Paulo corre atrás de seus interesses e demonstra descaso total para com as suas obrigações. Em uma sexta-feira, às 20h44, fui multado por passar de carro a 75 km/h em um local onde a velocidade máxima permitida é de 60 km/h. Recebi a multa, pelo correio, na terça-feira seguinte, dois dias úteis após o ocorrido! Porém estou há 26 anos aguardando as devidas providências da prefeitura em relação a um processo de indenização por desapropriação deferido em 1977. Entendo que meu dever de cidadão que infringiu uma lei seja pagar a multa devida no prazo concedido. Mas, também como cidadão que cumpre com seus deveres, estou decepcionado e revoltado por ver tamanha incompetência prolongada por tanto tempo."
Osni Luccats (São Paulo, SP)



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