São Paulo, quarta-feira, 09 de novembro de 2005

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PAINEL DO LEITOR @ - leitor@uol.com.br


Avaliações
"Em relação ao artigo "Eremildo quer ser avaliador no MEC", de Elio Gaspari (Brasil, 6/11), o MEC esclarece três aspectos sobre avaliações do Inep/ MEC. 1.O MEC não tem qualquer intenção de descontinuar o Exame Nacional do Ensino Médio. Ao contrário. O exame ganhou importância com o advento do ProUni, que utiliza as notas do Enem como um dos critérios para selecionar bolsistas em instituições privadas de ensino superior. O último Enem teve um número recorde de inscritos: cerca de 3 milhões de estudantes. 2. Os resultados do Enade permitem comparações entre cursos. Todos os cursos de cada instituição serão avaliados em um período de três anos (2004/ 05/06), perfazendo um total de cerca de 18.000 cursos. A avaliação é amostral somente em cursos com mais de 30 alunos. O desenho amostral do Enade é representativo de cada um dos cursos de cada instituição. Neste ano, foram indicados 59,2% de todos os alunos ingressantes ou concluintes das 20 áreas avaliadas, totalizando 347,6 mil estudantes. 3. O sistema de avaliação do ensino básico continua a ser feito pela União em regime de colaboração com Estados e municípios. O MEC apóia financeira e tecnicamente os entes federados a instituir seus sistemas de avaliação, respeitados os princípios de economicidade e comparabilidade. Além de manter a série histórica do Saeb, este ano o Inep/ MEC avaliará todas as escolas públicas e urbanas do país. Mais de 5 milhões de alunos participarão da Prova Brasil nos 27 sistemas estaduais e 5.418 municípios que aderiram voluntariamente à realização da prova. As informações por unidade escolar contribuirão decisivamente na formulação de políticas públicas. O MEC está aperfeiçoando seus instrumentos de avaliação de forma a possibilitar a construção de uma base de dados mais precisa da educação."
Vera Flores, coordenadora de comunicação social do MEC (Brasília, DF)

Resposta a um coronel
"Respondo aqui ao coronel Maurício Pazini Brandão, PhD, professor do ITA, que, em artigo publicado nesta Folha em 7/11, contesta escrito meu publicado em 3/10 também nesta Folha. Como é de praxe da sofistaria, o coronel desvia a contestação para pontos pouco relevantes. Começa dizendo que não era "meia dúzia de brigadeiros sentados à mesa", mas apenas três. Ora, com 49 anos, o coronel já deveria saber que "meia dúzia" é um termo idiomático impreciso. "Meia dúzia de uns treis ou quatro", diz o caboclo. Em seguida, sugere que teria ele próprio aplaudido o discurso de um dos quatro civis. E que, portanto, eu teria mentido ao afirmar que "nenhum militar aplaudiu". Ora, quem mente é o coronel, pois minha frase dizia "somente os militares não aplaudiram". Há uma diferença semântica entre o que eu disse e o que o sofista diz que eu disse. Não precisa ser PhD para entender, do que eu disse, que a maioria não aplaudiu. Todos os 600 cidadãos presentes viram que aquela meia dúzia de uns três ou quatro, os únicos militares sentados à mesa, e portanto visíveis, não aplaudiram uma única vez os dois ex-alunos: o então reitor Michal Gartenkraut e o venerando ex-reitor Marco Cechinni. O que importa que um militar (ou meia dúzia de uns três ou quatro) tenha, escondidinho na platéia, aplaudido um único dos discursos. Eu confirmo, portanto, não somente que os militares não aplaudiram os civis mas que o brigadeiro Belini saudou em ordem hierárquica todos os militares antes de mencionar as autoridades civis, ex-alunos e professores, contrariamente ao que não diz, mas insinua sub-repticiamente, o coronel sofista . Agradeço a correção do lapso ortográfico relativo ao Instituto de Pesquisas da Marinha. Penitencio-me também quanto ao engano sobre a extensão do período em que funcionários do CTA trabalham só meio período. Esse período só se estendeu além de um mês quando houve insuficiência de verbas, dizem-me. Confirmo, entretanto, as várias outras minhas afirmações relativas à cultura do ócio reinante no CTA. Não contestando, entretanto, o ponto essencial do meu artigo, o coronel Pazini o confirma indiretamente. E, enquanto ele não tiver coragem de comentá-lo, tenho o direito de desconfiar que o que moveu o coronel neste episódio foi a expectativa de um reconhecimento pelos seus superiores (será que já posso chamá-lo de brigadeiro?). E aqui repito o meu texto: "Diante de uma platéia de 600 ex-alunos e professores, o brigadeiro Bambini disse que revoluções são "às vezes necessárias", e que "nós", os militares, presumivelmente, havíamos sido os vitoriosos e havíamos entregue voluntariamente o poder aos derrotados, recolhendo-nos aos quartéis, mas permanecendo alertas, invictos e armados, observando atentos o comportamento dos vencidos". Que os leitores tirem as suas conclusões. E, para finalizar, um comentário sobre a insinuação de que estou tão velho que devo estar caduco. O coronel tem razão quanto ao fato de que, com a idade, os homens perdem neurônios. Ao que parece, entretanto, o coronel não precisa com ele mesmo se preocupar."
Rogério Cezar de Cerqueira Leite (Campinas, SP)

Teses
"Em relação à reportagem "Comércio de teses e dissertações atrai pós-graduandos" (Cotidiano, 7/11), informo que, no mesmo dia, oficiei aos diretores das duas escolas de pós-graduação nas quais, segundo o fraudador, dissertações de mestrado teriam sido defendidas, solicitando que tomem providências. Esclareço que, no caso da pós-graduação, se o orientador de fato acompanha (como deve) o trabalho de seu aluno, o risco de uma fraude se torna praticamente nulo -porque o professor saberá, como efeito da própria orientação, se o aluno pensa e escreve "comme il faut". Portanto, a fraude só pode acontecer em caso de má orientação, que é exatamente o que a Capes, pelas suas 45 comissões de avaliação por área do conhecimento, procura coibir, indo até a descredenciar os programas em que a orientação seja fraca ou deficiente. É por essa razão que tomamos medidas duras, como a limitação do número de orientandos por orientador e uma severa limitação do número de cursos em que um professor pode atuar. Assim, se não cabe à Capes investigar caso a caso ou denúncia a denúncia -uma vez que não temos poderes nem estrutura de polícia-, a avaliação permite detectar as situações em que a fraude possa vir a grassar."
Renato Janine Ribeiro, diretor de avaliação da Capes -Ministério da Educação (Brasília, DF)

Autor e obra
"Fiquei surpreso não só com o título do texto de Sérgio Dávila sobre o livro do ex-assessor do vice-presidente americano ("Libby fez livro pedófilo, zoófilo e incestuoso", Mundo, 6/11). Penso por quantas pessoas passa ou deveria passar o referido título antes que viesse a ser impresso e enviado aos leitores. Livros sobre assassinatos são livros assassinos? Excluindo os autobiográficos, a temática dos livros pode ser associada ao caráter de quem os escreve? Até concordo que imagens de pessoas públicas costumam ser confundidas desse modo, porém as pesadas acusações que pairam sobre o ex-assessor prescindem do reforço trazido pela associação entre o autor e o tema da obra."
Antonio Expedito A. de M. Coutinho (Nova Lima, MG)

Gripe
"Em relação ao publicado no texto "A gripe dos frangos" (Ilustrada, 29/10), a Roche, fabricante do Tamiflu, gostaria de fazer os seguintes esclarecimentos: O nome correto do princípio ativo é oseltamivir, e não ozeltavir; a Roche realizou testes de eficácia do Tamiflu contra o H5N1 in vitro e em animais, e o remédio se mostrou eficaz contra essa cepa."
João Carlos Ferreira, diretor de Operações, e Dirceu Silva, diretor de Medicamentos de Prescrição Médica da Roche (São Paulo, SP)

Resposta do colunista Drauzio Varella - Quando disse que o Tamiflu não havia sido testado contra a cepa H5N1, eu me referia a testes de eficácia em seres humanos, que realmente não foram feitos, porque o número de casos da doença entre nós, felizmente, é muito pequeno. Os testes in vitro e em outros animais são importantíssimos, mas não substituem os ensaios clínicos. Sobre o nome do princípio ativo, leia a seção "Erramos", abaixo.


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