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FERNANDO RODRIGUES
Megalomania
BRASÍLIA - Pouco importa a crise
em Honduras ter sido solucionada
só depois da entrada dos Estados
Unidos no caso. No governo Lula e
na cúpula petista vigora uma versão
mais edulcorada da realidade: o
presidente brasileiro se saiu bem e
consolida sua imagem de grande
negociador internacional.
Depois de deixar o governo, Lula
espera receber algum alto cargo na
burocracia diplomática internacional. Mas o sonho dos petistas é ainda maior. "Por que o presidente não
poderia ser indicado e conquistar o
Prêmio Nobel da Paz?", pergunta o
líder do PT na Câmara, Cândido
Vaccarezza (SP).
Na interpretação petista de mundo, Lula é criticado no Brasil, mas
no exterior é visto como o ponto de
equilíbrio entre bolivarianos e destrambelhados em geral na América
Latina. Bolívia, Paraguai, Equador e
Venezuela são países para os quais
o establishment conservador torce
o nariz. Lula trata bem a todos. Firma-se como o garantidor de uma
ordem possível numa região dada a
rupturas constantes.
A macromania petista inclui uma
tentativa de interceder no conflito
histórico entre países do Oriente
Médio. Daí a mesura de Lula ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, a ser recepcionado em Brasília no próximo dia 23.
Por mais pretensioso que possa
soar, a alta direção petista acredita
na hipótese de Lula se tornar um facilitador e promotor da paz no
Oriente Médio. Daí o idílio de o brasileiro ter chance de faturar o Prêmio Nobel. "É sempre em outubro,
um período excelente, pois o presidente vai chegar ao final de seu
mandato com a popularidade máxima", diz Vaccarezza.
Pode ser tudo delírio? Pode. Possivelmente é. Mas essa é a trajetória
imaginada para Lula dentro do governo e do PT. Com ganho máximo
para a candidatura governista de
Dilma Rousseff ao Planalto. Feito o
registro, em 2010 será possível confrontar sonho e realidade.
frodriguesbsb@uol.com.br
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