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ELIANE CANTANHÊDE
Entre o ideal e o possível
BRASÍLIA - O governo Lula lança amanhã o Escola Ideal, um piloto a
ser testado em 29 municípios de sete
Estados, com boas chances de ser
multiplicado por dois em 2004.
O MEC detesta a comparação, mas
a idéia lembra o Ciep do Brizola, que
virou Ciac com Collor e nem sei em
que deu. Ou seja: investir nas condições físicas mínimas das escolas e na
apresentação dos alunos do ensino
fundamental e médio. Até para criar
gosto e auto-estima na garotada.
Em vez de construir monumentos
(como os Cieps), o governo federal reforma, amplia e mobília as escolas,
inclusive os banheiros. Também garante o acesso de todas as crianças a
transporte escolar, a uniforme, a biblioteca e a um ambiente tecnológico
básico, com TV, vídeo e antena para
internet. Estado e municípios entram
com a capacitação e com algum
agrado para o professor -gratificação, bônus ou bolsa.
Há várias outras diferenças em relação aos Cieps e aos Ciacs, fantasmas da sempre cantada e nunca decantada prioridade para a educação.
Mas a principal delas é que não se
pretende criar escolas-modelo -que,
aliás, já existem aos montes, mas só
uma, duas, três em cada lugar. Dessas excludentes, em que os pais passam dias e/ou noites nas filas sem
conseguir vagas para os filhos. No Escola Ideal, a intenção não é diferenciar escolas, mas investir em todas
elas. Nas urbanas, uma por uma. Nas
rurais, criando núcleos que possam
atender a toda uma mesma área.
Os 29 municípios receberão R$ 3
milhões cada um, em média. Foram
escolhidos com base no IDH (os mais
pobrezinhos), na população (10 mil a
15 mil habitantes, só) e no interesse
das autoridades locais, a partir do
próprio prefeito, claro, mas não só
dele.
A ambição de Cristovam Buarque é
começar modestamente, monitorar o
sistema e chegar a todos os 5.500 municípios em 15 anos no pós-Lula (se é
que ele pensa em sair até lá!).
Fica aqui o registro para vigiar
mais essa novidade e ver no que dá.
Porque, de Cieps em Cieps, os nossos
sonhos vão virando pó.
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