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São Paulo, terça-feira, 09 de dezembro de 2003

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ELIANE CANTANHÊDE

Entre o ideal e o possível

BRASÍLIA - O governo Lula lança amanhã o Escola Ideal, um piloto a ser testado em 29 municípios de sete Estados, com boas chances de ser multiplicado por dois em 2004.
O MEC detesta a comparação, mas a idéia lembra o Ciep do Brizola, que virou Ciac com Collor e nem sei em que deu. Ou seja: investir nas condições físicas mínimas das escolas e na apresentação dos alunos do ensino fundamental e médio. Até para criar gosto e auto-estima na garotada.
Em vez de construir monumentos (como os Cieps), o governo federal reforma, amplia e mobília as escolas, inclusive os banheiros. Também garante o acesso de todas as crianças a transporte escolar, a uniforme, a biblioteca e a um ambiente tecnológico básico, com TV, vídeo e antena para internet. Estado e municípios entram com a capacitação e com algum agrado para o professor -gratificação, bônus ou bolsa.
Há várias outras diferenças em relação aos Cieps e aos Ciacs, fantasmas da sempre cantada e nunca decantada prioridade para a educação. Mas a principal delas é que não se pretende criar escolas-modelo -que, aliás, já existem aos montes, mas só uma, duas, três em cada lugar. Dessas excludentes, em que os pais passam dias e/ou noites nas filas sem conseguir vagas para os filhos. No Escola Ideal, a intenção não é diferenciar escolas, mas investir em todas elas. Nas urbanas, uma por uma. Nas rurais, criando núcleos que possam atender a toda uma mesma área.
Os 29 municípios receberão R$ 3 milhões cada um, em média. Foram escolhidos com base no IDH (os mais pobrezinhos), na população (10 mil a 15 mil habitantes, só) e no interesse das autoridades locais, a partir do próprio prefeito, claro, mas não só dele.
A ambição de Cristovam Buarque é começar modestamente, monitorar o sistema e chegar a todos os 5.500 municípios em 15 anos no pós-Lula (se é que ele pensa em sair até lá!).
Fica aqui o registro para vigiar mais essa novidade e ver no que dá. Porque, de Cieps em Cieps, os nossos sonhos vão virando pó.


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