São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2004

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CRESCER E EMPREGAR

Quando candidato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu preocupar-se obsessivamente com a geração de empregos. Foi essa uma de suas principais bandeiras eleitorais. No primeiro ano, marcado pela estagnação, nenhum progresso ocorreu nesse sentido.
Com um crescimento da economia para este ano estimado pelos analistas em cerca de 3,5%, as perspectivas são melhores, mas mudanças mais significativas nos índices de desemprego não devem ser esperadas. O próprio presidente já teve a lucidez de se manifestar a respeito das dificuldades, lembrando que não basta criar mais vagas -é preciso atender à crescente demanda por elas.
Daí a necessidade de não deixar o problema simplesmente entregue à dinâmica do mercado. É preciso que o governo atue, que implemente programas e incentive o crescimento de setores com maior capacidade de absorção de mão-de-obra.
Esse é o típico caso da construção civil, cujos resultados, lamentavelmente, têm sido pífios. Desde 1999, com pequena interrupção em 2000, o setor se mantém em retração. Representantes da indústria de cimento estimam que 2003 terminou com queda recorde de 11% no consumo.
Nesse sentido, são positivas as decisões anunciadas após a reunião do presidente Lula na Câmara de Política Econômica, no início da semana. Ao definir que as áreas de saneamento e habitação estarão entre as prioridades para este ano, o governo dá um sinal de que os investimentos poderão ser retomados e com eles a ampliação de empregos. É também auspiciosa a perspectiva de aumento e difusão do crédito imobiliário, mencionada pelo ministro Palocci.
Se os anúncios e promessas não ficarem apenas na retórica, como ocorreu em outras áreas, pode-se imaginar um cenário melhor. Num país, como o Brasil, que sofre tremendamente com o desemprego e no qual o déficit habitacional é dramático, construir casas e investir em saneamento é, de fato, uma alternativa que merece ser perseguida com determinação.


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