São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

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ANTONIO DELFIM NETTO

Triste verdade

AS ECONOMIAS dos países do mundo têm sido avaliadas em três documentos anuais: o "Global Competitiveness Report", do World Economic Forum, de Genebra; o "IMD World Competitiveness Yearbook", de Lausanne, e o "Doing Business of the Year", do Banco Mundial. Eles classificam ordinalmente (por ranking) as economias, dando um indicador da sua posição relativa.
Trata-se de medida "qualitativa" obtida pela agregação de um grande número de fatores. É preciso tomar com um certo cuidado o avanço no ranking de cada economia, porque ele não se refere a ela mesma, mas em comparação com as que compete. Eles tentam, portanto, medir a capacidade competitiva relativa de cada país.
As três medidas têm caráter abrangente, apresentam uma razoável correlação (por ranking) entre elas e têm uma duvidosa correlação (por ranking) com a taxa de crescimento do PIB. Atualmente, a classificação do Brasil é a seguinte:




O World Economic Forum 2006/07 sintetiza a observação de 89 indicadores de cada economia distribuídos em nove setores: instituições, infra-estrutura, macroeconomia, saúde e educação fundamental, educação superior e treinamento, eficiência dos mercados, disponibilidade tecnológica, sofisticação comercial e inovação. Temos alguns números surpreendentes: entre os 125 países, a classificação da China no item macroeconomia é a 6ª; a do Brasil é a 114ª.
O resultado é decepcionante, porque sabemos que tem havido certo aperfeiçoamento da nossa política macroeconômica. O relatório antecipa esse desapontamento. Em duas páginas (38 e 39) reconhece o fato, mas explica que os "outros países" melhoraram muito mais. Depois de 12 anos após a estabilização, continuamos presos a uma pressão fiscal absurda (38% de carga tributária mais 3% de déficit nominal); ainda temos uma altíssima dívida bruta/PIB (72%); o Orçamento é todo constitucionalizado, com vinculações de toda natureza, inclusive ao salário mínimo, o que complica a administração financeira; faltam concorrência no setor bancário (altos "spreads") e crédito às pequenas e médias empresas; e, finalmente, temos a maior taxa de juro real do mundo.
Só estão relativamente piores do que nós 11 países (Zimbábue, Maláui, Argentina, Camboja etc.). Pode ser triste, mas é verdade.

dep.delfimnetto@camara.gov.br

ANTONIO DELFIM NETTO
escreve às quartas-feiras nesta coluna.


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