São Paulo, quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

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Confronto com eficiência

NO DIA em que foram conhecidos os números recordes de "mortos em confronto" no Rio, a polícia descobriu na Mangueira uma espécie de casamata erguida por traficantes para controlar o movimento no morro e destinada à proteção dos bandidos durante eventuais trocas de tiros.
Perto do local foi encontrada ainda uma clareira usada para assassinatos, repleta de ossadas. Em represália à ação policial, os traficantes obrigaram cerca de 30 pessoas a descer de um ônibus e atearam fogo ao veículo em plena luz do dia.
Esse conflito que há tempos faz parte do cotidiano das metrópoles brasileiras se acentuou no Rio desde a posse do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB). Segundo dados do Instituto de Segurança Pública, no primeiro ano de Cabral à frente do Estado foi registrado o número recorde de 1.260 autos de resistência, rubrica na qual se contabilizam os mortos em confronto com a polícia. As cifras de 89 delegacias indicam aumento de 31% no total de mortos em confronto na comparação com 2006.
Merece todo apoio a disposição do governador fluminense de romper a política de acomodação nos morros do Rio, onde traficantes controlam e aterrorizam a população sem a intervenção das autoridades. A escalada das ações policiais, no entanto, não deve comprometer a credibilidade da polícia e o respeito aos moradores. Em meados de 2007, quando 19 pessoas foram mortas em uma dessas operações, laudo da Secretaria Especial dos Direitos Humanos do Rio concluiu que ao menos duas foram vítimas de "execução sumária e arbitrária".
Também tem faltado eficiência às forças de segurança. A ação desta semana, por exemplo, foi realizada a partir de nove mandados de prisão. Dois eram para pessoas já presas e as demais não foram localizadas pela polícia.


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