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Confronto com eficiência
NO DIA em que foram conhecidos os números recordes de "mortos em
confronto" no Rio, a polícia descobriu na Mangueira uma espécie de casamata erguida por traficantes para controlar o movimento no morro e destinada à
proteção dos bandidos durante
eventuais trocas de tiros.
Perto do local foi encontrada
ainda uma clareira usada para
assassinatos, repleta de ossadas.
Em represália à ação policial, os
traficantes obrigaram cerca de
30 pessoas a descer de um ônibus e atearam fogo ao veículo em
plena luz do dia.
Esse conflito que há tempos
faz parte do cotidiano das metrópoles brasileiras se acentuou no
Rio desde a posse do governador
Sérgio Cabral Filho (PMDB). Segundo dados do Instituto de Segurança Pública, no primeiro
ano de Cabral à frente do Estado
foi registrado o número recorde
de 1.260 autos de resistência, rubrica na qual se contabilizam os
mortos em confronto com a polícia. As cifras de 89 delegacias indicam aumento de 31% no total
de mortos em confronto na comparação com 2006.
Merece todo apoio a disposição do governador fluminense
de romper a política de acomodação nos morros do Rio, onde
traficantes controlam e aterrorizam a população sem a intervenção das autoridades. A escalada
das ações policiais, no entanto,
não deve comprometer a credibilidade da polícia e o respeito
aos moradores. Em meados de
2007, quando 19 pessoas foram
mortas em uma dessas operações, laudo da Secretaria Especial dos Direitos Humanos do
Rio concluiu que ao menos duas
foram vítimas de "execução sumária e arbitrária".
Também tem faltado eficiência às forças de segurança. A ação
desta semana, por exemplo, foi
realizada a partir de nove mandados de prisão. Dois eram para
pessoas já presas e as demais não
foram localizadas pela polícia.
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