São Paulo, quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

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ELIANE CANTANHÊDE

Eu descarto, tu descartas...

BRASÍLIA - Ontem foi o dia do verbo "descartar" em Brasília. O ministro da Saúde, José Temporão, descartou a volta da febre amarela urbana, erradicada no Brasil desde 1942, e desestimulou uma corrida aos postos de saúde para vacinação. As doses rareiam.
Enquanto isso, o mesmo Temporão pediu ao Turismo e ao Itamaraty que visitantes sejam orientados a tomar a vacina antes de ir a áreas de risco de febre amarela silvestre. Com mortes suspeitas em Brasília e em Goiás, sabe como é: "Eu não creio em bruxas, mas....".
O ministro (interino há meses) de Minas e Energia, Nelson Hubner, também descartou a possibilidade de um novo apagão ou racionamento de energia.
Enquanto isso, o mesmo Hubner admitia que, eventualmente, quem sabe, talvez, se tenha de usar térmicas a diesel e óleo combustível, muito mais caras. Solução prima-irmã do racionamento -que o presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica, Jerson Kelman, considerou que "não é impossível".
Pois não é que, bem no meio dessa confusão, Lula deverá anunciar o senador Edison Lobão (PMDB-MA) como substituto de Hubner? O que ele entende de energia? Bulhufas. Mas é amigão do Sarney.
Por fim, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, descartou que haja o que cortar na sua área, pois a FAB enfrentou uma crise área braba em 2007 e só pensa naquilo: reequipamento e aumento dos soldos.
Enquanto isso, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, passou o dia discutindo justamente como, onde e quanto cortar nas três Forças Armadas, inclusive na FAB, claro. Hoje, deve reunir os três comandantes de tesoura na mão.
Tomara que a febre amarela urbana não esteja de volta, que haja energia para dar e vender e que Exército, Marinha e Aeronáutica sejam preservados dos cortes. Mas, se eu fosse Temporão, Hubner ou Saito, ficaria com um pé atrás.


elianec@uol.com.br

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