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ELIANE CANTANHÊDE
Eu descarto, tu descartas...
BRASÍLIA - Ontem foi o dia do
verbo "descartar" em Brasília.
O ministro da Saúde, José Temporão, descartou a volta da febre
amarela urbana, erradicada no Brasil desde 1942, e desestimulou uma
corrida aos postos de saúde para vacinação. As doses rareiam.
Enquanto isso, o mesmo Temporão pediu ao Turismo e ao Itamaraty que visitantes sejam orientados a tomar a vacina antes de ir a
áreas de risco de febre amarela silvestre. Com mortes suspeitas em
Brasília e em Goiás, sabe como é:
"Eu não creio em bruxas, mas....".
O ministro (interino há meses)
de Minas e Energia, Nelson Hubner, também descartou a possibilidade de um novo apagão ou racionamento de energia.
Enquanto isso, o mesmo Hubner
admitia que, eventualmente, quem
sabe, talvez, se tenha de usar térmicas a diesel e óleo combustível, muito mais caras. Solução prima-irmã
do racionamento -que o presidente da Agência Nacional de Energia
Elétrica, Jerson Kelman, considerou que "não é impossível".
Pois não é que, bem no meio dessa confusão, Lula deverá anunciar o
senador Edison Lobão (PMDB-MA) como substituto de Hubner? O
que ele entende de energia? Bulhufas. Mas é amigão do Sarney.
Por fim, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito,
descartou que haja o que cortar na
sua área, pois a FAB enfrentou uma
crise área braba em 2007 e só pensa
naquilo: reequipamento e aumento
dos soldos.
Enquanto isso, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, passou o dia
discutindo justamente como, onde
e quanto cortar nas três Forças Armadas, inclusive na FAB, claro. Hoje, deve reunir os três comandantes
de tesoura na mão.
Tomara que a febre amarela urbana não esteja de volta, que haja
energia para dar e vender e que
Exército, Marinha e Aeronáutica
sejam preservados dos cortes. Mas,
se eu fosse Temporão, Hubner ou
Saito, ficaria com um pé atrás.
elianec@uol.com.br
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