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Urgência urgentíssima
CARLOS HEITOR CONY
Rio de Janeiro - Admito: fiquei emocionado ao ver a cara séria dos congressistas reunidos extraordinariamente para votar as urgências urgentíssimas do governo. Algumas até nem
eram sérias: eram seriíssimas, para
combinar com as urgências no superlativo. Sem falar nas caras sinistras de
alguns, que, sem combinar com a convocação extraordinária, são ordinariamente sinistras.
Na recente história de nosso Congresso, a única urgência urgentíssima
que funcionou foi a da emenda constitucional que possibilitou a reeleição
do atual presidente da República.
Bem verdade que a urgência teve um
combustível que provocou a renúncia
de dois deputados, envolveu o bom
nome do finado Sérgio Motta e de governadores. Enfim, como diria o Eça, o
governo fê-la bem, essa urgência urgentíssima para FHC continuar presidente da coisa pública.
No caso de agora, houve barbeiragem do governo. A questão deveria ser
votada no período ordinário do Legislativo. Mas, nos últimos meses do ano
que passou, as energias de FHC estavam concentradas em prestigiar os leilões do Mendonça de Barros, sem falar
naquilo que os colunistas especializados costumam chamar de "desenho"
do Estado.
O Brasil está em vésperas de fazer
500 anos, e é como se antes de FHC
não tivesse existido. Tudo dependerá
desse novo desenho que ele está fazendo há quatro anos e vai gastar mais
quatro para fazer a arte-final.
Desconfio que esse tal desenho vai
dar em droga. Aliás, já está dando.
Repetindo minha crônica "Balanço
de governo", vamos lá: FHC quintuplicou a dívida pública, aumentou o
déficit fiscal, bagunçou a balança de
pagamentos, produziu em massa o desemprego, quebrou empresas e colocou
o parque industrial na véspera da
quebradeira geral. A venda das estatais sumiu pelo ralo dos juros da dívida externa.
Isso não é uma opinião. São fatos.
Pedir urgência para continuar desenhando essa... bem, o espaço da coluna acabou, e fico por aqui.
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