São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 2007

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Confiança pelos ares

SALVO EM casos extremos, os aeroportos mais modernos do mundo são capazes de operar até mesmo sob neve. No Brasil, é lamentável que os usuários de Congonhas, o maior do país em volume de tráfego, tenham de suportar constantes atrasos e cancelamentos de vôos por causa de chuvas.
O maior problema de Congonhas é o desgaste das duas pistas. Devido ao intenso tráfego de aeronaves, o asfalto perdeu a aderência, o que dificulta a frenagem em dias de chuva.
A fim de sanar o problema, a Infraero informou que fará reformas na pista ao longo deste semestre. Em decorrência das obras, a estatal estuda transferir parte dos vôos para outros aeroportos e vai estender em duas horas o período de funcionamento de Congonhas, que passará a operar das 5h30 à 0h30.
Se mais um longo período de transtornos ao usuário do aeroporto paulistano parece inevitável, nada justifica a desinformação e a falta de assistência a que os passageiros mais uma vez estão entregues. As companhias aéreas e os diversos órgãos que administram o tráfego aéreo falham ao não garantir nem mesmo o mais elementar dos direitos dos passageiros: ser informado sobre os problemas e ter alguma previsão acerca do atraso.
Uma das causas do problema é a falta de coordenação entre as companhias e os órgãos responsáveis pelo tráfego aéreo. As siglas da burocracia são várias (Infraero, Anac, Dcea), mas a sua capacidade conjunta de prestar contas ao usuário tende a zero.
Além dos prejuízos econômicos diretos causados pela crise aérea -que se arrasta sem solução há mais de quatro meses-, é a própria credibilidade do sistema aeroportuário brasileiro que está sendo abalada. Recuperar a confiança perdida por conta da inépcia e da indolência será bem mais difícil e demorado do que reformar a pista de Congonhas.


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