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CESTA DE OPORTUNISMOS
Os preços praticados pelo comércio em São Paulo tiveram aumento de
1,31% em apenas uma semana. A
cesta básica, sempre em São Paulo,
subiu 3,95% neste mês, apesar de
transcorridos apenas nove dias.
Em qualquer circunstância, essas
notícias, publicadas pela Folha, já seriam preocupantes em um país que
começava a se habituar com os benefícios da estabilidade.
Mas tornam-se também inaceitáveis quando se sabe que alguns itens
que pouco ou nada têm a ver com a
cotação do dólar registraram altas
expressivas, como é o caso, entre
tantos, de móveis e decorações, que
subiram 7,96% em cinco dias.
Além disso, tais aumentos ocorrem
em um momento em que há forte retração no consumo, desemprego elevado e juros absurdamente altos
-fatores que a teoria econômica diz
atuarem contra a elevação de preços.
É óbvio que a desvalorização do real
teria fatalmente que provocar aumentos localizados de preços, nos
setores muito dependentes de importações, seja de componentes, seja
de produtos acabados. Mas daí a generalizar-se a onda de altas vai uma
distância que não pode em hipótese
alguma ser percorrida sem que haja
forte repúdio da opinião pública e,
não menos importante, ações firmes
por parte do governo.
Afinal, logo que se produziu a desvalorização, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica),
presidido por Gesner Oliveira, anunciou que o governo dispunha de todos os instrumentos para coibir aumentos abusivos. Chegou pois a hora de passar das palavras à ação.
Mas a tarefa do governo pode revelar-se insuficiente se, ao mesmo
tempo, os consumidores não reagirem. Está claro que aumentos não relacionados com a questão cambial
são produto da ganância irresponsável, do desejo de obter o máximo de
lucro à custa do equilíbrio do país
-o que, caso se generalize, será uma
insana corrida rumo ao abismo.
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