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É simples: a crise é política
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - O presidente Fernando
Henrique pregou ontem "a necessidade de evitar o simplismo e o catastrofismo". FHC está certo.
Seria o caso então de o governo reconhecer que a crise com os Estados é
eminentemente política. Tem um fundo econômico, mas hoje é apenas política. Se não, vejamos.
Alguém acredita que algum dos sete
governadores de oposição vai ceder e
pagar as suas dívidas conforme prevêem os acordos assinados com a
União? Claro que não.
Cada governador da sua forma vai
explorar o fato ao máximo. Deixarão
a corda esticar até o ponto em que a
situação fique insustentável.
Não é o caso aqui de defender os governadores de oposição, muito pelo
contrário. Isso agora é irrelevante.
O que importa é que os governadores
oposicionistas têm um excelente caso
político nas mãos. Exceto Itamar
Franco, que foi logo puxando a faca,
todos os outros jogam para a platéia
dizendo que desejam negociar.
São espertos os governadores. Sabem
que o governo FHC está impossibilitado de negociar. O FMI e o poderoso
mercado estão prontos para dar um
bote no primeiro piscar de olhos da
equipe econômica.
Não há simplismo em dizer que o
país está perto de uma situação-limite, de um impasse. Trata-se de uma
realidade. Lá para março, abril ou
maio, mais e mais Estados estarão
inadimplentes. Por coerência, o governo federal terá de bloquear os repasses
para essas unidades da Federação.
Como reagirão os Estados? Como
reagirão as populações desses Estados,
que estarão com os serviços essenciais
paralisados?
FHC pode até não negociar politicamente essa crise. Mas arrisca-se a ficar
apenas com o FMI ao seu lado.
Ô, coisa linda. Jair Bilacchi saiu
chutado da Previ. Mas agora está belo
e faceiro no Conselho de Administração da Telepar -ex-tele estatal do
Paraná, comprada pela iniciativa privada com uma boa mãozinha da Previ. Como diz o filme, a vida é bela.
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