São Paulo, Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 1999
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É simples: a crise é política

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - O presidente Fernando Henrique pregou ontem "a necessidade de evitar o simplismo e o catastrofismo". FHC está certo.
Seria o caso então de o governo reconhecer que a crise com os Estados é eminentemente política. Tem um fundo econômico, mas hoje é apenas política. Se não, vejamos.
Alguém acredita que algum dos sete governadores de oposição vai ceder e pagar as suas dívidas conforme prevêem os acordos assinados com a União? Claro que não.
Cada governador da sua forma vai explorar o fato ao máximo. Deixarão a corda esticar até o ponto em que a situação fique insustentável.
Não é o caso aqui de defender os governadores de oposição, muito pelo contrário. Isso agora é irrelevante.
O que importa é que os governadores oposicionistas têm um excelente caso político nas mãos. Exceto Itamar Franco, que foi logo puxando a faca, todos os outros jogam para a platéia dizendo que desejam negociar.
São espertos os governadores. Sabem que o governo FHC está impossibilitado de negociar. O FMI e o poderoso mercado estão prontos para dar um bote no primeiro piscar de olhos da equipe econômica.
Não há simplismo em dizer que o país está perto de uma situação-limite, de um impasse. Trata-se de uma realidade. Lá para março, abril ou maio, mais e mais Estados estarão inadimplentes. Por coerência, o governo federal terá de bloquear os repasses para essas unidades da Federação.
Como reagirão os Estados? Como reagirão as populações desses Estados, que estarão com os serviços essenciais paralisados?
FHC pode até não negociar politicamente essa crise. Mas arrisca-se a ficar apenas com o FMI ao seu lado.
Ô, coisa linda. Jair Bilacchi saiu chutado da Previ. Mas agora está belo e faceiro no Conselho de Administração da Telepar -ex-tele estatal do Paraná, comprada pela iniciativa privada com uma boa mãozinha da Previ. Como diz o filme, a vida é bela.


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