São Paulo, Quarta-feira, 10 de Fevereiro de 1999
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Painel do Leitor


Funarte

"Há cerca de dez dias, o presidente da Funarte foi procurado pela jornalista Ana Lee, interessada em publicar uma reportagem sobre os projetos da instituição para o ano de 1999. No início da entrevista, declarou que o assunto eram denúncias recebidas contra este organismo. Todas as informações trazidas pela jornalista foram devidamente esclarecidas, o que reverteu totalmente as dúvidas levantadas durante a conversa.
Além disso, foram apresentados diversos quadros e documentos que traziam a comprovação das informações prestadas pelo presidente.
Os dados mostrados evidenciam que, do orçamento da Funarte em sua fonte do Tesouro, no valor de R$ 23 milhões aproximadamente, eram aplicados R$ 6 milhões na área-fim e R$ 17 milhões na área-meio, sendo que, destes, R$ 13 milhões são gastos com o pagamento de pessoal ativo e inativo. Na realidade, retirando o valor referente a pessoal, apenas R$ 4 milhões são aplicados em manutenção. Foi acrescentado também que, somados os valores de convênio, a área-fim foi atendida com R$ 18,5 milhões.
Foi explicado que a mesa adquirida para o gabinete do presidente custou R$ 3.025, conforme atesta a nota fiscal mostrada à jornalista, e não R$ 100 mil, como acreditava ela a partir de denúncias recebidas e de leituras equivocadas de uma possível lista extraída do Siaf - Sistema de Administração Financeira do Governo Federal.
A reportagem publicada no dia 8/2 (Ilustrada) desconsiderou totalmente todos os esclarecimentos. O título, inclusive, dá ênfase ao gasto de 73% dos recursos fora da área cultural, o que, conforme demonstrado, não corresponde à realidade."
Tomás de Aquino Chaves de Melo, presidente em exercício da Funarte (Brasília, DF)
Resposta da jornalista Anna Lee - Todos os esclarecimentos prestados pelo presidente da Funarte e pela direção do órgão nas entrevistas para a realização da reportagem estão contidos no texto publicado em 8/2. A informação segundo a qual a Funarte gasta 73% da verba que recebe do Tesouro em atividades não culturais foi confirmada pelo presidente do órgão, Márcio Souza, em entrevista gravada.

Patrimônio histórico

"A Folha publicou em 3/2 a circular que o ministro da Cultura remeteu aos membros do Conselho Consultivo do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), na qual sou acusada de ter-lhe enviado um manifesto sem as devidas assinaturas.
O documento foi escrito no Rio de Janeiro no dia 22/1, por sete conselheiros que o assinaram, sendo que o professor Francisco Iglesias, por motivo de doença, só o fez em Belo Horizonte alguns dias mais tarde. Como conselheira e signatária, solicitaram-me os colegas que transmitisse nossa mensagem, o que foi feito por fax no dia 25/1.
O original assinado comprova a veracidade da reunião e o inconformismo dos conselheiros com as mudanças estruturais no Iphan e apresenta o perfil exigível para o novo presidente.
Em nenhum momento discutiu-se o poder do ministro de Estado da Cultura de nomear os titulares dos cargos de sua pasta."
Suzanna Cruz Sampaio, conselheira do Iphan (São Paulo, SP)

Avanço e retrocesso
"O presidente reeleito do Brasil gosta de reduzir seu vasto vocabulário. Já há algum tempo está com a agulha agarrada no verbo "avançar". É "Avança Brasil", "temos de avançar", "estamos avançando" etc. O negócio para ele é avançar. Não se sabe bem se avançar para o presidente é ir para a frente ou para o pântano desenhado pela ganância dos especuladores internacionais.
Avançar para a credibilidade da jogatina internacional? Avançar para obter confiança da máfia financeira do mercado? Avançar para nos espatifarmos no muro da globalização (que nada mais é que um novo nome dado ao imperialismo)?
Vocês não podem jogar pôquer, senhores, apostando o povo brasileiro. O capitalismo vai morder o próprio rabo e vai nos trazer mais miséria."
Flavio Rezende (Barra do Piraí, RJ)

Lamúrias

"Começo a sentir náuseas desse pessoal que, agora, com suas cartas lamurientas (não chegam nem a ser um protesto), ocupa quase todo o espaço da coluna "Painel do Leitor" para falar dos atos praticados por esse governo federal que aí está.
Talvez por comodismo quiseram liquidar logo no primeiro turno a eleição para o governo federal, não dando oportunidade às oposições para promover um amplo debate no qual o candidato oficial teria de mostrar as suas verdadeiras intenções. Agora, Inês é morta."
Alice Soares Ferreira (São Paulo, SP)

Detalhes

"Não me admira que o Brasil só dê passos em falso. A discussão do governo federal com os governadores da oposição já está tomando proporções nada edificantes. Para acontecer a tal reunião de negociação, só está faltando definir a "cor dos ternos"."
Marcos Henrique Fries (Ferraz de Vasconcelos, SP)

Explicações

"Estamos vendo a encenação de uma ópera bufa. O governo e a maioria dos economistas escondem os motivos pelos quais o real fracassou. Na aparência, o problema é apresentado em números e nomes estranhos à população.
O real fracassou porque não foram realizados a reforma fiscal e o ajuste das contas públicas. Agora economistas e governo lançam sua linguagem perversa, pelos meios de comunicação -a maioria encalacrada na oficialidade- e não tocam na verdadeira ferida.
O real está fracassando porque reforma fiscal e ajuste de contas públicas são procedimentos que afetam os interesses do "Brasil colônia" ainda vigente.
As oligarquias regionais, boa parte do empresariado, o sistema financeiro e a tecnocracia de Brasília sairiam perdendo. Ora, com ou sem inflação esses grupos não são afetados, e as consequências são repassadas para a grande maioria. A população é apenas um joguete nas mãos de sacripantas."
Lisandro Nogueira (Goiânia, GO)

"Central do Brasil" no Oscar

"Em meio a notícias que já viraram um eterno bordão aqui no Brasil, como crise, inspeção do FMI, alta do dólar, inflação, desemprego, moratória etc., eis que uma nos traz contentamento: a indicação de "Central do Brasil" como melhor filme estrangeiro e a de Fernanda Montenegro como melhor atriz para a disputa do Oscar.
Parabéns, Walter Salles! Parabéns, Fernanda! São pessoas como vocês que fazem com que a imagem de nosso país (tão desgastada ultimamente) seja conhecida sob outro aspecto."
Márcia M. Barreto Boin (Campinas, SP)

Presídios lotados

"Não acho que nosso país precise de novos presídios. Precisa sim é de moradia para nossos trabalhadores e do nosso governo para nos fornecer o mínimo de condição social. Quem sabe assim nós não teríamos superlotações em nossas penitenciárias..."
Sandra Mara B. de Macedo (Ribeirão Preto, SP)

CBF e campeonatos

"Os cinco campeonatos infanto-juvenis realizados em convênio entre a CBF e a Pastoral do Menor, Pastoral de Favelas e Pastoral do Trabalhador da Arquidiocese do Rio, além de outras instituições, vêm tendo grande alcance social, uma vez que já beneficiaram 64 comunidades, alcançando um total de 5.576 jovens.
O objetivo do campeonato é valorizar o potencial desses jovens de comunidades carentes, proporcionando sua formação integral, inclusive os livrando do assédio do tráfico de drogas. Aos integrantes dos times vencedores, foram concedidas bolsas de estudo até atingirem a idade de 18 anos, e alguns desses adolescentes já tiveram a oportunidade de participar de torneio no exterior."
Adionel Carlos da Cunha, assessor de imprensa da Arquidiocese do Rio (Rio de Janeiro, RJ)


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