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Hello, Dolly!
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Os quatro homens mais importantes da República decidiram que
os três Poderes teriam um teto salarial
de R$ 11.500, mais uma aposentadoria. Um teto que não é teto.
A repercussão, evidentemente, foi
horrorosa, e eles mesmos passaram a
criticar o acordo. FHC lavou as mãos,
ACM criticou o acúmulo de uma aposentadoria, Michel Temer ficou perplexo, Carlos Velloso quer rever tudo.
De duas, uma: ou eles todos mudaram de opinião em tempo recorde ou
aqueles que selaram o acordo no Alvorada não eram eles. Eram clones!
O jeito agora é unificar o discurso de
que ninguém tem mais nada a ver
com a história e o Congresso que se vire para chegar a uma conclusão. Com
aquele detalhezinho crucial: deputados e senadores estarão legislando em
causa própria.
Afora isso, todos os Poderes falam
para o grande público externo (que é
contra), mas cada um deles tem lá o
seu próprio público interno (que é a
favor). E cada um tem, também, um
interesse distinto na discussão.
No Judiciário, os ministros de tribunais têm os maiores salários -que,
inclusive, dão base ao teto. Eles não só
não ganham nada como podem perder aposentadorias acumuladas.
Mas... todo mundo que está abaixo
deles, especialmente juízes e magistrados, conta com o "teto" para subir degraus e galgar paredes salariais.
No Legislativo, deputados e senadores ganham R$ 8.000, e falar em teto
de R$ 11.500 soa como aumento geral.
Sem perda de aposentadoria.
Já no Executivo, a discussão é outra:
em qualquer caso, seja o teto de R$
12.720, R$ 11.500 ou R$ 10.800, o Tesouro ganha. Porque economiza, por
baixo, R$ 30 milhões por ano. Se cortar apenas os salários acima disso,
derrubando liminares e "direitos adquiridos". E, se não sair aumentando
os salários abaixo, por conta.
Ou seja: muita água ainda vai rolar,
e aquela reunião dos quatro mais importantes não foi para valer. Pensando bem, eram só os clones mesmo.
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