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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Farsa sindical
SÃO PAULO - "Não estou à venda." A frase aparece quatro vezes na
boca de Paulinho, o presidente da
Força Sindical, durante uma entrevista à Folha em 2004. O então
candidato à prefeitura tratava de
insistir que nem Serra nem Marta
conseguiriam comprar seu apoio.
Na mesma entrevista, Paulo Pereira da Silva, eleito deputado dois
anos depois, repetia outras três vezes: "Deputado eu não vou ser. Não
saí [a prefeito] para ser candidato a
deputado". Com a licença de Caetano Veloso: como pode querer que o
político vá viver sem mentir?
"Não estou à venda." Freud (não
o "aloprado" de Lula, o outro) talvez explique a repetição obsessiva
da frase. O fato é que Paulinho terminou aquela campanha municipal
nos braços de Serra, o eleito.
Dois anos antes, vice de Ciro Gomes na disputa presidencial, o sindicalista era adversário mortal do
tucano e havia apoiado Lula no segundo turno. Em 98, estava engajado na coordenação da campanha de
Fernando Henrique à reeleição.
Essa tem sido a regra: Paulinho
não está à venda, mas sempre acaba
ao lado dos vitoriosos, não importa
se tucano, petista ou tucano de novo. Ele não tem restrições partidárias, ideologia, idéias ou ideais; tem interesses. Seu negócio é o Estado.
"Sindicalismo de resultados" é
um slogan propagandístico que não
deixa de exprimir o que é a Força
Sindical. Seu segredo reside na associação da velha cultura pelega e
clientelista com técnicas de aliciamento e entretenimento importadas do showbizz. Com uma mão, se
beneficia de convênios "republicanos" com o Estado; com a outra,
distribui brindes às massas.
A central presidida por Paulinho
mistura política retrógrada com a
negação da política.
Este pequeno Lula paraguaio
agora anuncia entre palavrões que
vai entupir o Judiciário de ações
contra jornalistas da Folha. Ameaça imitar os fiéis seguidores de Edir
Macedo e nem sequer disfarça que
pretende recorrer a chicanas com o
intuito de intimidar a imprensa.
Pobre deputado, pensa que os outros estão à venda.
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