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ALBA ZALUAR
Diplomacia
brasileira
UMA DAS CONFIRMAÇÕES
mais interessantes da semana foi a de que o Exército
Brasileiro age muito mais sob a
perspectiva da diplomacia do que
da guerra. Um general contou como atuou quando soldados e narcoguerrilheiros colombianos invadiram a fronteira do Brasil. Nada
da exibição de masculinidade exacerbada nem do espírito bélico demonstrados pelos presidentes envolvidos no recente imbróglio sul-americano. Ao contrário, deu ao
evento a pouca importância que tinha, sem fazer dele razão para
ameaçar os vizinhos.
O que espanta quem estuda a segurança pública é que esta perspectiva tenha sido e ainda seja tão
pouco empregada na situação interna do país -mesmo depois que
a Constituição de 1988, a Cidadã,
foi promulgada e passou a delimitar os meios de ação permitidos aos
que detêm o monopólio da violência legítima no país.
Ora, se há leis explícitas para
conter os ânimos guerreiros e restabelecer a paz interna, ao contrário do que ainda prevalece no continente, sem nada próximo aos
avanços da lei internacional da Comunidade Européia, como se explica que internamente o Brasil
exiba ao mundo cenas comuns de
truculência e incapacidade de negociar? Por que o espírito diplomático brasileiro, tão elogiado pela
imprensa nacional e a internacional, não penetrou nossas polícias,
especialmente as estaduais?
Os efeitos retardados da Lei de
Segurança Nacional que definiram
as prioridades do combate bélico a
um inimigo interno, composto tanto de opositores ao regime quanto
de criminosos comuns, ainda não
foram inteiramente superados. O
travo belicista que tem custado
tantas vidas de suspeitos e inocentes transeuntes ainda marca as
ações policiais e envergonha a imagem externa do país. A afirmação
pública de que não se negocia com
bandido, enquanto se cede às suas
pressões também belicistas, apenas comprova que, na segurança
interna, avançamos muito pouco.
Em qualquer sistema de justiça,
durante rebeliões de prisioneiros,
arrestos de pessoas indefesas ou
investigações criminais, a negociação é primordial para garantir a segurança dos cidadãos. A delação
premiada, recém introduzida no
sistema brasileiro, nada mais é do
que uma negociação com bandidos
que detêm informações importantes.
Paralelamente, não dá para entender por que três favelas vão receber altos investimentos em teleféricos e unidades de atendimento,
enquanto cerca de 700 outras ficam de fora, sem que nada tenha sido exigido de seus moradores, desde logo beneficiados com a especulação imobiliária decorrente. O
apoio à ação policial está garantido?
ALBA ZALUAR escreve às segundas-feiras nesta coluna.
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