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FERNANDO RODRIGUES
Hipocrisia eleitoral
BRASÍLIA - Lula, Dilma Rousseff
e vários aliados governistas participaram de uma festa em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, na segunda-feira, no Rio. O
evento teve o indefectível patrocínio chapa-branca da Caixa Econômica Federal e da Petrobras.
No meio da badalação, a ex-senadora e hoje secretária de Assistência Social do governo fluminense,
Benedita da Silva, fez um pedido explícito de apoio para a candidatura
de Dilma Rousseff a presidente.
Segundo relato do repórter Chico
Otavio, a frase de Benedita foi: "Não
podemos perder este momento. Eu
quero uma presidenta do Brasil. E o
seu nome é Dilma Rousseff". Em
resumo: 1) era um evento pago com
o dinheiro público; 2) Lula e Dilma
estavam lá; 3) uma política petista
pediu apoio para a candidatura
governista.
Para completar, foram distribuídos leques de papel. Eram peças publicitárias ilustradas. De um lado, o
desenho de uma moeda com o rosto
de Lula e a inscrição "ele é o cara!".
Do outro lado, outra moeda com a
imagem de Dilma e a frase "ela é a
coroa!". O mimo era assinado por
um sindicato filiado à CUT.
Ontem, o governo já havia alinhavado argumentos para se defender.
A Petrobras e a CEF não sabiam
que o evento poderia ter cunho eleitoral. O leque foi produzido por
uma entidade autônoma. Lula e
Dilma não foram lá pedir votos.
Esse tipo de comportamento dissimulado só existe por causa de
uma combinação nefanda entre
uma lei anacrônica (fixando prazos
para campanhas) e a hipocrisia geral dos políticos. É conveniente negar em público reais intenções com
a desculpa de que a lei proíbe.
Essa anomalia só acabará quando
o Supremo Tribunal Federal um dia
for provocado e concluir pela inconstitucionalidade da lei que impede um cidadão de fazer campanha a qualquer tempo e época, sem
usar recursos públicos -o que não é
o caso atual do PT.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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