São Paulo, quinta-feira, 10 de março de 2011

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Editoriais

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Promessas e escolas

A um ano e dez meses do final do mandato do prefeito Gilberto Kassab (DEM), fica patente que uma de suas principais promessas de campanha -acabar com a crônica falta de vagas em creches em São Paulo- não será cumprida.
Em entrevista à Folha, o secretário municipal de Educação, Alexandre Schneider, teve o realismo de assinalar que o prazo para solucionar o problema, distante da ficção eleitoral, é de uma década.
Não é a única meta descumprida. A construção de hospitais e a expansão de corredores de ônibus são outras promessas que dificilmente serão realizadas.
No caso das creches, o crescimento na oferta de vagas nos últimos anos foi superado pela consistente alta da procura. O número de crianças em instituições ligadas à prefeitura saltou de 60 mil em 2005 para 187 mil neste ano, inegável avanço. Mas ainda há 100 mil à espera de um lugar.
Sem ter onde deixar filhos pequenos, as mulheres, cada vez mais presentes no mercado de trabalho, têm de enfrentar o dilema entre abrir mão do emprego e expor as crianças a riscos, deixando-as em casa ou com conhecidos.
O problema é bem menor na pré-escola, mas ainda persistem 20 mil alunos sem vagas. Estudos mostram que crianças com acesso a esse nível de ensino se saem melhor nos anos seguintes.
No nível fundamental, há vagas para todos. E o compromisso de acabar com o chamado "turno da fome", em que as crianças ficavam na escola sem refeições, parece a caminho de ser confirmado. De 330 escolas, há cinco anos, ele persiste apenas em 39.
O desempenho das escolas municipais de São Paulo no Ideb (Índice de Desenvolvimento na Educação Básica, que avalia a qualidade do ensino), no entanto, ainda é sofrível, apesar de ficar acima da lamentável média nacional.
Tudo somado, há muito a fazer para corrigir as deficiências da educação paulistana, de resto um problema que atinge todas as redes públicas de ensino no Brasil, salvo escassas ilhas de excelência.
A falta de vagas nas creches é apenas o primeiro dos inúmeros obstáculos. O prefeito Gilberto Kassab tem de fazer valer sua promessa e acelerar a solução de um problema que afeta milhares de famílias paulistanas.


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