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São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Bush
"O senhor Ives Gandra Martins, no artigo "O terrorismo oficial de Bush" ("Tendências/Debates", pág. A3, 9/4), comparou George W. Bush a Bin Laden e chamou o presidente norte-americano de terrorista internacional. A coisa pareceu-me escrita com o fígado, e considerei exagerada a colocação. Entretanto, ao continuar a leitura do texto e ao aprofundar-me nas evidências dos injustificáveis assassinatos de jornalistas internacionais, ao ver o enorme campo de concentração em que se tornou o país iraquiano, ao verificar a insistência em deter o controle do país invadido após o quase extermínio da nação e analisando o obscuro e chantagista modo como é controlada a informação e manipulada a verdade, achei que o tributarista foi até ameno. Carrasco, saqueador ou facínora cairiam bem melhor ao presidente Bush."
Marcílio Godoi (São Paulo, SP)

 

"Respeito e admiro o conceituado tributarista e professor Ives Gandra Martins. Entretanto penso que a comparação do presidente Bush com o fanático Bin Laden se configure como um terrível erro de avaliação, que compromete todo o texto publicado na Folha de ontem. Como pôde afirmar que o presidente Bush tenha deliberadamente ordenado a matança de civis no Iraque, qualificando-o de genocida? Como pode um cidadão da estirpe intelectual do professor Ives fazer uma declaração dessa? Evidentemente, todos nós lamentamos a morte de civis, infelizmente inevitável por várias circunstâncias no contexto de uma guerra. Ao contrário de Bin Laden, o Exército americano não provoca a morte de civis porque quer, mas, sim, porque dificilmente uma operação dessa magnitude conseguiria evitá-las."
Péricles Pessoa Salazar (Curitiba, PR)


Ciência
"Li, perplexa, o artigo "O sucateamento da ciência brasileira" ("Tendências/Debates", pág. A3, 4/4), do físico Rogério Cezar de Cerqueira Leite. Considerando-se dono da verdade e aproveitando-se do espaço privilegiado deste jornal por ser membro do Conselho Editorial da Folha -e sem nenhum embasamento-, esse senhor publica que bolsas do CNPq foram concedidas, "sem o respeito às avaliações de mérito tradicionais, à esposa de um e à filha de outro desses altos administradores" do governo Lula. Como mulher do secretário-geral do Ministério da Ciência e Tecnologia, a quem o articulista ataca de modo veemente e raivoso, senti-me atingida, uma vez que, além de mulher do secretário-geral, sou bolsista do CNPq. Quero esclarecer que sou pesquisadora e bolsista do CNPq há mais de 20 anos -e não há um mês, como esse senhor quer fazer crer. Meu currículo encontra-se à disposição de todos na página do CNPq (www.cnpq.br) e o mérito de receber bolsa pode ser analisado até por um leigo, bastando ver o número de trabalhos científicos publicados em revistas internacionais de grande impacto (mais de 80). Sou bolsista 1A do CNPq, nível máximo para bolsista com produtividade em pesquisa. Essa posição só é alcançada em final de carreira, após anos de publicações e de dedicação à pesquisa. Cada nível a ser galgado requer avaliação de seus pares. Alcançar o nível 1A é a consagração máxima, o reconhecimento da dedicação e da capacidade científica ao longo de muitos anos. Isso foi julgado anos antes de meu marido estar no governo. Portanto aquela publicação é leviana, caluniosa e machista, levando um leitor desavisado a crer que o CNPq conceda bolsas a quem é mulher de gente do governo -sem nenhum mérito. Por que esse senhor (sem me conhecer) atira lama sobre pessoas honestas? Só pode ser porque foi contrariado, pois esperava receber verbas polpudas do MCT -e estas foram redistribuídas de modo igualitário entre vários pesquisadores, e não somente para o seu grupo na área de nanotecnologia. Tal como criança contrariada e frustrada, serviu-se do fato de ser membro do Conselho Editorial da Folha para semear inverdades. Esse senhor deveria usar o seu tempo para trabalhar, para fazer ciência de qualidade e, no mínimo, para deixar de achar que mulheres só sobem na vida à custa de marido!"
Marlene Benchimol, professora titular de biologia celular, chefe do Laboratório de Microscopia Eletrônica da Universidade
Santa Úrsula (Rio de Janeiro, RJ)


Fogo amigo
"Algumas bombas norte-americanas são tão inteligentes, tão inteligentes, que conseguem perceber quais são os vilões dessa guerra e mudam de lado."
Eduardo Pereira Lustosa (São Paulo, SP)

 

"Gostaria de dizer ao senhor César Figueiredo ("Painel do Leitor", 7/4) que há não uma "epidemia", mas casos isolados de hipocrisia e de ingenuidade. A primeira acomete governos que, sob o pretexto de (seletivamente) depor ditadores, massacram populações e destroem monumentos e culturas milenares. A segunda assola papalvos que acreditam nessa impostura."
Arteny Komar (Ribeirão Preto, SP)

 

"A mensagem dos EUA para a Síria, o Irã e a Coréia do Norte é bastante preocupante. Significa que os valentões imperialistas se sentem fortalecidos depois da carnificina que fizeram no Iraque. Agora, eles acham que qualquer país que desafiar os seus desígnios hegemônicos pode ser vítima de seus mísseis. Muito bem. Parece que militarmente os EUA venceram o Iraque. Também pudera. A disparidade militar entre os dois países é assombrosa. Mas, como disse Oliveiros S. Ferreira, professor de Relações Internacionais da PUC-SP, "Bush não conquistou as mentes e os corações do mundo"."
José Lourenço Cindra (Guaratinguetá, SP)


Transporte
"Em relação à greve geral dos ônibus em São Paulo, creio a maioria dos empresários do setor serem portadores do "vírus caixa dois". Por isso encorajo a prefeita Marta Suplicy a continuar firme em sua luta pelo que é justo, com o apoio do presidente da República."
Geraldo Nunes Sebastiani (Guarujá, SP)


Incompreensão
"O líder do PSDB no Senado, senador Arthur Virgílio, não compreendeu que o seu partido e o projeto de 20 anos no comando da nação naufragaram no último pleito eleitoral. Não é assim que se faz oposição com responsabilidade. O governo Lula tem demonstrado responsabilidade com a manutenção das políticas econômicas e muita competência no manejo das forças políticas e sociais brasileiras -em um governo que envolve desde o PFL e o PMDB até as correntes de esquerda do próprio PT e o MST."
José Agostinho M. Galvão de Barros Filho (São Paulo, SP)


Imprensa
"O excelente artigo do professor Roberto Romano ("Silêncio e censura, inimigos da liberdade", "Tendências/Debates", 8/4) chama a atenção para um fato que está ocorrendo nos EUA, possui paralelo com a situação na Venezuela e já foi comentado várias vezes por colunistas desta Folha: o abandono, por parte da imprensa desses países, da busca pela verdade factual em nome da pregação ideológica. É um atentado contra a liberdade dos cidadãos dessas nações, pois põe em dúvida a confiança na imprensa como órgão de fiscalização do poder e como meio de expressão de opiniões."
Daniel Dalmoro (Campinas, SP)


Guarda metropolitana
"Em relação à reportagem "Maioria dos veículos da Guarda Civil não funciona" (Cotidiano, 7/4), é preciso fazer algumas correções. 1) A frase "a situação da GCM beira o caos", atribuída a mim, não condiz com o que foi dito. Quando questionado sobre a situação das 410 viaturas registradas na frota da GCM, afirmei que a nova administração herdou uma frota completamente sucateada, resultado de 15 anos de abandono. A frase publicada é de responsabilidade do jornalista, que, ao que parece, não diferencia com precisão passado e presente. 2) Em nenhum momento afirmei que a "burocracia da máquina dificulta a reposição de material", como foi escrito. Afirmei que foi criado, neste mês, um grupo intersecretarial (Segurança Urbana, Gestão Pública, Transporte e Negócios Jurídicos) para, em 60 dias, propor medidas que agilizem centenas de processos de baixa de viaturas. A morosidade desses processos criou uma "frota fictícia na GCM", na medida em que 245 supostas viaturas estão sem condições de uso. 3) Afirmei que os 70 carros com mais de cinco anos de uso serão avaliados pelo grupo intersecretarial e somente continuarão a circular aqueles que apresentarem condições. Em nenhum momento disse que "nosso atendimento ao povo, que já não é dos melhores, pela falta de carros, ficaria totalmente comprometido". O jornalista colocou entre aspas frase que não pronunciei. 4) Até dezembro, deveremos adquirir mais 300 viaturas (motos e viaturas de pequeno porte), mais 2.000 coletes à prova de bala, bicicletas, uniformes e equipamentos individuais de comunicação (HTS). O custo geral de todos esses equipamentos é aproximadamente de R$ 19 milhões, e não somente o custo das viaturas, como foi publicado. 5. A GCM de São Paulo já não é a mesma que recebemos em janeiro de 2001. Houve renovação de mais de 100% da frota em circulação e, pela primeira vez, foram adquiridos 3.100 coletes leves à prova de bala. Duas novas leis encaminhadas pelo Executivo foram aprovadas pela Câmara Municipal. A primeira criou a corregedoria própria da GCM, uma das poucas no Brasil, independente do Comando. A outra lei criou o primeiro regulamento disciplinar próprio da GCM, o seu código de conduta. No presente, a GCM já é bem melhor do que no passado. E, num futuro breve, será a mais eficiente e equipada guarda civil do país."
Benedito Domingos Mariano, secretário municipal de Segurança Urbana de São Paulo (São Paulo, SP)


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