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CARLOS HEITOR CONY
"Brasília" é um sucesso
RIO DE JANEIRO - Não é piada
nem falta de respeito. Na Inglaterra, inauguraram um bordel em
Preston, cidadezinha localizada no
norte daquele país, no condado de
Lancashire, situado na rua Cannon,
local de concentração de bares e
restaurantes e, agora, com pelo menos uma das chamadas casas de tolerância.
Até aí, nada de novo. Esse tipo de
tolerância é antigo e universal. A
novidade foi o nome que deram ao
estabelecimento: "Brasília". Até lá
chegaram as façanhas de nossa capital. Um nome que aos poucos remete para um tipo de atividade específica.
Assim como em todas as cidades
há um hotel chamado "Plaza" e um
parque de diversão chamado "Tívoli", se a coisa funcionar na rua Cannon, em breve teremos "Brasílias"
espalhadas pelo mundo, o que mostrará a pujança nacional em determinados setores da faina humana.
Não tenho certeza, mas a decoração da nova casa de tolerância é
realmente tolerante: a catedral, que
não traz apelo condenável, a rampa
do Palácio do Planalto e a foto oficial do Congresso, com a bandeira
auriverde ao fundo. Não sei até que
ponto essas imagens servem de estímulo aos habitantes de Preston.
Não acredito que as coisas que
acontecem em Brasília tenham
chegado ao condado de Lancashire,
mas com a internet, tudo é possível.
O influente jornal da cidade, o
"Lancashire Evening Post", em capa de uma de suas edições, revelou
que uma das mulheres do "Brasília"
chegava a atender 27 clientes por
dia. Ficava com 40% do que faturava, mais do que se cobra na Brasília
real, que geralmente fica na casa
dos 20%.
O "Lancashire Evening Post" informa que havia uma promoção de
30 minutos com duas garotas por
100 euros. De acordo com a Justiça
inglesa, "Brasília" rendeu meio milhão em um ano.
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