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Para tapar o nariz
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - Chato, desinteressante e
sem a menor importância imediata
para a maioria dos brasileiros, um
fato nos bastidores da política chama
a atenção em Brasília.
Enquanto o noticiário se esbalda
com invasões de sem-terra e salário
mínimo, uma reaproximação entre o
PSDB e o PFL está sendo operada
dentro do grupo governista.
Isso não é propriamente novo. Depois que o PMDB se posicionou como
amante preferencial de FHC, tucanos
de pé no chão perceberam que dificilmente haverá vida sem o PFL na eleição de 2002.
Um desses tucanos é José Serra, o
ministro da Saúde que pode ser candidato a quase tudo em 2002: senador, governador de São Paulo ou presidente da República.
Serra tem se aproximado do PFL.
Até aí, nada de excepcional. O curioso é a aproximação também ensaiada entre Serra e o líder do PFL na Câmara, o deputado pernambucano
Inocêncio Oliveira.
O histórico da relação entre Serra e
Inocêncio é conturbado. Não se detestam, mas é quase isso. Inocêncio
suspeita existir um preconceito renitente de Serra contra nordestinos. E
há também a prevenção dos tucanos
paulistas contra o PFL.
Ocorre que Serra aspira a ser candidato a presidente. Para isso, convenceu-se de que é necessário manter o
mesmo arco de alianças que foi montado por FHC. Isso inclui o PSDB, o
PMDB e o PFL. Além dos hoje acessórios PPB e PTB.
Essa aliança está construída sobre
um tripé. Um partido (PSDB) fica
com a Presidência da República. Os
outros dois (PMDB e PFL) se alternam nas presidências da Câmara e
do Senado.
A reaproximação Serra-Inocêncio
tem tudo a ver com essa política do
tripé. Inocêncio, como se sabe, é candidato a presidente da Câmara.
Ambos, Serra e Inocêncio, tapam o
nariz e voltam a ficar amigos. Para
azar de tucanos que ainda sonham
com a presidência da Câmara.
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