São Paulo, quarta-feira, 10 de maio de 2000


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Para tapar o nariz

FERNANDO RODRIGUES

Brasília
- Chato, desinteressante e sem a menor importância imediata para a maioria dos brasileiros, um fato nos bastidores da política chama a atenção em Brasília.
Enquanto o noticiário se esbalda com invasões de sem-terra e salário mínimo, uma reaproximação entre o PSDB e o PFL está sendo operada dentro do grupo governista.
Isso não é propriamente novo. Depois que o PMDB se posicionou como amante preferencial de FHC, tucanos de pé no chão perceberam que dificilmente haverá vida sem o PFL na eleição de 2002.
Um desses tucanos é José Serra, o ministro da Saúde que pode ser candidato a quase tudo em 2002: senador, governador de São Paulo ou presidente da República.
Serra tem se aproximado do PFL. Até aí, nada de excepcional. O curioso é a aproximação também ensaiada entre Serra e o líder do PFL na Câmara, o deputado pernambucano Inocêncio Oliveira.
O histórico da relação entre Serra e Inocêncio é conturbado. Não se detestam, mas é quase isso. Inocêncio suspeita existir um preconceito renitente de Serra contra nordestinos. E há também a prevenção dos tucanos paulistas contra o PFL.
Ocorre que Serra aspira a ser candidato a presidente. Para isso, convenceu-se de que é necessário manter o mesmo arco de alianças que foi montado por FHC. Isso inclui o PSDB, o PMDB e o PFL. Além dos hoje acessórios PPB e PTB.
Essa aliança está construída sobre um tripé. Um partido (PSDB) fica com a Presidência da República. Os outros dois (PMDB e PFL) se alternam nas presidências da Câmara e do Senado.
A reaproximação Serra-Inocêncio tem tudo a ver com essa política do tripé. Inocêncio, como se sabe, é candidato a presidente da Câmara.
Ambos, Serra e Inocêncio, tapam o nariz e voltam a ficar amigos. Para azar de tucanos que ainda sonham com a presidência da Câmara.


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