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CLÓVIS ROSSI
Impostos: mais, e não menos
SÃO PAULO - A informação de que a carga tributária cresceu para 35,86%
do PIB no ano passado vai dar margem, inexoravelmente, à velha gritaria de que ninguém aguenta mais pagar imposto, que é preciso diminuir o
peso deles etc.
De novo, como na discussão sobre
focalização x universalização do
atendimento social, esse tipo de número e de gritaria provoca mais calor
que luz.
O problema dos impostos não está
dado pelo peso excessivo deles, mas
por dois outros fatores:
1 - Os impostos estão concentrados
em poucos pagantes, o que faz com
que muitos que deveriam pagar muito paguem pouco ou nada. Aí, sim, o
peso, para os que efetivamente pagam, se torna excessivo.
2 - O mau uso que se faz do dinheiro arrecadado aumenta a sensação,
legítima, de que a carga tributária é
excessiva.
Na verdade, há mais razões para
aumentá-la do que para reduzi-la,
corrigidas as distorções.
"Em uma economia como a brasileira, parece ser necessário um aumento da carga tributária de 34%
(2002) para, digamos, 40% do PIB.
Essa é a carga tributária da França,
país desenvolvido que não tem os desequilíbrios sociais e econômicos do
Brasil", escreve por exemplo Reinaldo Gonçalves, professor titular de
Economia da UFRJ, muito ligado ao
PT e muito ouvido antes da conversão da cúpula petista à ortodoxia.
O texto está na excelente publicação bimestral "Democracia Viva",
editada pelo Ibase, mais conhecido
como o "Instituto do Betinho".
Para checar a correção do argumento de Gonçalves basta olhar para
o Rio de Janeiro: alguém acha que
sem gastar muito dinheiro (público)
e muita inteligência (pública e privada) o Estado sai do estado de descontrole a que chegou?
E é só um dos desequilíbrios que o
Brasil tem e a França não.
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