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São Paulo, sábado, 10 de maio de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

Um PT ambíguo

BRASÍLIA - O líder do PT no Senado, Tião Viana (AC), perdeu uma ótima oportunidade de seguir a recomendação feita outro dia pelo presidente Lula: "O bom político pensa antes de falar. Mas o melhor político é o que pensa e não diz nada".
Para demonstrar indignação depois que Antonio Carlos Magalhães se salvou, Tião Viana propôs a extinção do Conselho de Ética do Senado. Mantê-lo, argumentou, seria "perseverar no exercício da hipocrisia e do cretinismo parlamentar".
Tião Viana reagia ao fato de o plenário do Senado ter impedido a abertura de um processo de cassação contra ACM. O Conselho de Ética havia recomendado o oposto.
Pela lógica do líder acreano, a próxima vez que um projeto de reforma constitucional do governo Lula for derrubado no plenário da Câmara ou do Senado, seria melhor então extinguir as comissões nas quais o texto tiver sido aprovado previamente.
Para sorte do Senado, do PT e do seu proponente, a sugestão de Tião Viana foi logo esquecida.
Ainda assim, para que o episódio fique completo, é necessário registrar o comportamento ambíguo do PT na não-cassação de ACM.
É verdade que na votação em plenário pela abertura do processo os petistas estiveram contra o baiano. Só que a maioria considerou inútil convocar Adriana Barreto, a ex-namorada grampeada de ACM, para depor no Conselho de Ética. Qual efeito teria esse depoimento ao vivo, em rede nacional? Seria devastador. Eis aí só um entre vários exemplos da ambivalência petista.
Um político nunca é cassado apenas no plenário. Tudo depende da condução do processo anterior, no qual a maioria do PT esteve omissa -por convicção, conveniência ou desídia. Ou tudo isso junto.
E nunca é demais repetir, Tião Viana é líder do PT no Senado.


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