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Mais um aloprado
CADA FATO novo a respeito
do dossiê sobre gastos palacianos do então presidente Fernando Henrique Cardoso impõe ao governo Lula um
constrangimento. É obrigado a
descartar a explicação anterior e
adotar uma outra, para dar conta
dos detalhes que teimam em
desviar-se da versão oficial.
Escaldado, o governismo tentou inverter a ordem dos fatores
no episódio mais recente. Mudou a explicação antes, horas antes, da eclosão do fato novo. Em
depoimento no Senado na quarta, a ministra Dilma Rousseff citou um papel -assinado pelo general Jorge Felix, do Gabinete de
Segurança Institucional- atestando que os gastos de FHC haviam deixado de ser sigilosos, por
decurso de prazo, em 2007.
O governo que passou semanas
dizendo que crime não era fazer
dossiê -ou "banco de dados", como insiste em dizer-, mas sim
dar publicidade a esses dados, de
repente abandonou o argumento. Por quê? Porque na quinta-feira apareceu Aparecido: José
Aparecido Pires, o funcionário
apontado pela sindicância interna da Casa Civil e pela Polícia Federal como autor do vazamento.
Com o controle do Gabinete de
Segurança Institucional, da Polícia Federal e da sindicância na
Casa Civil, o governo elabora a
versão que lhe parece mais conveniente. Não se preocupa com a
credibilidade da apuração, visto
que todas as explicações soam
como farsa. Deseja produzir uma
saída que lhe cause menos dano.
Tal saída está desenhada: afasta-se o subalterno que enviou a
planilha com o dossiê para um
auxiliar do senador tucano Alvaro Dias, mas se evita que o funcionário "vazador" responda a
inquérito policial, no qual poderia entregar gente graúda.
Tudo termina na desculpa esfarrapada para desmandos que já
celebrizou a gestão Lula. Aloprados de escalões inferiores agem
por conta própria, sem que seus
chefes tomem conhecimento.
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