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MELCHIADES FILHO
Aprecie com moderação
BRASÍLIA - A cara de tacho do senador Agripino Maia ficou para a
história. A lição de moral de Dilma
Rousseff, sobre o direito de mentir
na ditadura e o dever cívico de falar
só a verdade na democracia, não.
Sabe-se agora que, quando falou
ao Senado, a ministra estava ciente
das conclusões da Polícia Federal e
da sindicância interna. A planilha
de 28 páginas com uma edição comentada de gastos de FH e Ruth
Cardoso havia sido encontrada. Estava na lixeira de um computador
da Casa Civil. Tinha sido produzida
no Planalto, conforme antecipado
pela Folha, e de lá sido vazada para
a oposição, por e-mail, por um servidor do ministério ligado ao PT.
Na quarta-feira, porém, Dilma
aplicava o sermão e repetia: "Não
há dossiê, há banco de dados".
A quem já perdeu a paciência ou
não põe fé neste escândalo de uso
político de recursos do Estado pela
Casa Civil, recomenda-se outro,
distinto na natureza, mas similar
na condução nada transparente.
Depois de quatro anos de debates, o governo lançou em 2007 a
Política Nacional do Álcool, com o
objetivo de reduzir o consumo de
bebidas, suas conseqüências para a
saúde e sua associação com a criminalidade. Mandou ao Congresso
um corajoso projeto de lei para regulamentar a propaganda e incluir
a cerveja na lista da fiscalização.
De cara, surgiu a suspeita de que
tudo não passava de um blefe para
manter nas cordas as emissoras de
TV, que perderiam muita receita
com a mudança. O Planalto rebateu. Afirmou que era sincero o
compromisso de "proteger a população" e empenhou a palavra em
cartilha enviada aos deputados.
Na quarta-feira, quando enfim a
proposta entrou na pauta de votação da Câmara (e Dilma dava o baile no Senado), o QG político do governo avisou que desistia do pedido
de urgência. O projeto que incomodava as TVs foi jogado na vala comum das centenas que se arrastam
no Legislativo, praticamente sepultando suas chances de aprovação.
mfilho@folhasp.com.br
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