São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2010

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FERNANDO RODRIGUES

Gasto inútil

BRASÍLIA - Os candidatos a presidente fariam um bem se dissessem como pretendem tratar a publicidade estatal federal.
Os valores gastos por Lula e FHC são assombrosos. Em 2009, o governo petista investiu R$ 1,179 bilhão com publicidade. Os patrocínios (teatro, cinema, esportes, festas no interior etc.) consumiram mais R$ 909,6 milhões. Há também cerca de R$ 200 milhões ocultos (não há cifras oficiais) torrados em publicidade legal (balanços) e produção de comerciais. Tudo somado dá cerca de R$ 2,3 bilhões.
No governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), os montantes eram muito semelhantes -embora não existam dados detalhados sobre patrocínio. Mas, ao se observar só o gasto em publicidade, o tucano e o petista se equivalem. FHC teve seu recorde em 2001, com R$ 1,137 bilhão. Lula em 2006, ano da reeleição, desembolsou R$ 1,267 bilhão em propaganda. Os dois valores estão atualizados monetariamente.
Há um fator a mais a ser notado a respeito do petista. Ao assumir o Planalto, Lula dava verbas de publicidade para 499 veículos de comunicação em 182 municípios. Hoje, bebem dessa fonte 7.047 empresas em 2.184 cidades.
À primeira vista, Lula estaria fazendo uma divisão mais democrática do dinheiro da publicidade estatal federal. Na realidade, trata-se de um processo perverso de perpetuação desse tipo de gasto.
Centenas de pequenas rádios e publicações pelo país recebem regularmente de R$ 1.000 a R$ 3.000 por mês. Em troca, veiculam comerciais do governo. Criou-se um vício. A interrupção do costume provocará crise de abstinência.
Qual presidente terá coragem de, da noite para o dia, cancelar o envio desse dinheirinho para milhares de empresas de comunicação no interior? Possivelmente, nenhum. Por essa razão seria didático saber o que pensam a respeito José Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br


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