São Paulo, terça-feira, 10 de maio de 2011

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

Delúbio de areia

SÃO PAULO - Ao reincorporar Delúbio Soares aos seus quadros, o PT reivindica para si a impunidade das elites brasileiras contra a qual um dia teve a pretensão de lutar.
Já faz tempo que a diferença entre o PT e as elites não é mais de classe, mas de estilo. Apesar de criadas no leite gordo, como foram por Lula, as elites ainda preferem o jeitinho tucano, mais "refinado".
Fiel aos seus, Delúbio quis comemorar sua volta ao PT com uma churrascada na roça. É claro que nenhum petista conhecido apareceu por lá. Só o aceitaram no partido pela razão óbvia de que ele sabe coisas demais e pressionou até exaurir "o senso ético" do petismo.
Delúbio, hoje, é como alguém que pegou lepra: ninguém quer chegar perto. Um pouco como Zé Dirceu, embora este ainda exerça fascínio sobre certa militância e alimente a mitologia em torno do "Che Guevara de Passa Quatro".
Entre a volta de Delúbio ao PT e a decisão recente do STJ, que anulou os resultados da Operação Castelo de Areia, da PF, não há nenhuma relação objetiva. Mas não haveria entre esses episódios distintos uma espécie de "afinidade eletiva", de comunhão secreta? Não são retratos do país da impunidade de uns poucos, que o PT agora ratifica?
O argumento capenga de que Delúbio "já pagou" e "não há pena perpétua no PT" equivale, simbolicamente, à decisão da Justiça de anular as provas -fartas, contundentes- contra a Camargo Corrêa, sob a alegação de que foram obtidas por meio de denúncia anônima. Num caso, ele "já pagou!"; no outro, "as provas não valem!". Tal política, tal Justiça. Mas qual país?

 

Kassab decidiu pagar R$ 18 mil mensais, com o dinheiro do paulistano, a Marco Maciel e a Raul Jungmann, políticos derrotados de Pernambuco, nomeados para os conselhos da CET e da SPTuris. Mais um pouco, o prefeito vai conseguir o que parecia impensável: acabar como Celso Pitta.


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