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O CRESCIMENTO DE PALOCCIOs indicadores relativos ao
crescimento do PIB serviram
para renovar o prestígio do ministro
da Fazenda, Antonio Palocci, que
ressurgiu em cena como uma espécie de rosto bem-sucedido da administração petista. Ao que se sabe, a
iniciativa de fortalecê-lo partiu do
próprio Planalto. Não por acaso, o
ministro da Casa Civil, José Dirceu,
cujas divergências com a Fazenda
são públicas, tratou ontem de ressaltar sua "lealdade canina" ao presidente e de anunciar respaldo irrestrito a Palocci -não sem deixar transparecer que o apoio é antes fruto de
uma determinação superior do que
de suas convicções pessoais.
É natural que depois de um ano deplorável do ponto de vista do crescimento, do emprego e da renda, o
país comece a se sentir mais aliviado
e que Palocci se beneficie com isso.
Do ponto de vista dos fundamentos econômicos, o principal avanço
sob sua gestão foi o expressivo aumento do saldo comercial, algo que,
sem ignorar as ações governamentais, deveu-se essencialmente às mudanças no câmbio -além do baixo
dinamismo do mercado interno e do
cenário externo favorável.
Certamente que o controle da inflação merece ser saudado, mas nada
teve de extraordinário: usou-se aqui,
com exageros talvez desnecessários e
custosos, a consagrada receita de juros estratosféricos e recessão.
Se a retomada da atividade é um fato positivo, ela não deve turvar a percepção de que a economia vem de
uma base comparativa extremamente baixa e que os desafios para sustentar um crescimento vigoroso e
contínuo ainda não foram vencidos.
As taxas de juros permanecem elevadas, os "spreads" cobrados no mercado são uma anomalia, os gargalos
de infra-estrutura persistem, o sistema tributário não foi reformado,
marcos regulatórios ainda aguardam regulamentação e a vulnerabilidade externa da economia, mesmo
com o excelente saldo comercial, não
recebeu a necessária "blindagem"
-o que exigiria, entre outras medidas, um forte aumento das reservas
em divisas do Banco Central.
De certo modo, Palocci conseguiu
levar o país a um ponto semelhante a
outros em que já se esteve no passado. Resta o principal: criar as condições para que, no futuro, tudo não
venha, mais uma vez, a perder-se.
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