|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ícone do terror
A
MORTE do arquiterrorista
jordaniano Abu Musab al
Zarqawi é uma boa notícia
para George W. Bush, uma das
poucas que ele pôde mostrar nos
últimos meses no Iraque. Mas,
infelizmente, é muito pouco provável que a saída de cena do líder
da rede terrorista Al Qaeda no
Iraque resolva ou mesmo diminua o grau de violência no país.
É o próprio Iraque que fornece
o precedente. Washington foi célere ao ligar os primeiros focos
de insurgência a Saddam Hussein e seus seguidores mais próximos. Alguns meses depois, os
filhos do ex-ditador foram mortos, e o próprio Saddam, capturado, sem que se notassem quedas
significativas no nível dos ataques, que continuam até hoje.
Al Zarqawi, como Osama bin
Laden, é um ícone do terrorismo.
Planejou e executou algumas das
ações mais selvagens no Iraque
nos últimos anos. É um símbolo
que parece ter inspirado jovens
radicais de diversos países islâmicos a engajar-se na "guerra
santa" contra os EUA, lançando-se em missões suicidas.
Segundo alguns observadores,
Al Zarqawi também foi importante como indutor da mudança
no perfil dos ataques, que passaram de ações contra as tropas estrangeiras para atentados direcionados contra a maioria xiita,
com vistas a atirar o país numa
guerra civil de larga escala.
Mas, também como Bin Laden,
o papel de Al Zarqawi na organização da insurgência não parece
central. Cada célula terrorista
age com alto grau de autonomia,
e sua morte não deverá alterar
substancialmente o cenário.
Pôr um fim à violência no Iraque vai exigir muito mais. Vai ser
preciso, antes de tudo, criar um
Estado que seja percebido como
legítimo pelos principais grupos
étnicos do país. Era justamente
para tornar isso impossível que
Al Zarqawi vinha fomentando a
violência entre sunitas e xiitas.
Até aqui, vinha obtendo sucesso.
Texto Anterior: Editoriais: O TSE se desgasta Próximo Texto: Munique - Clóvis Rossi: Lei ou desodorante? Índice
|