São Paulo, sábado, 10 de junho de 2006 |
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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA Metas certas e meios errados O
QUE ACONTECEU na Câmara dos Deputados em 6
de junho não é admissível.
Não se trata de fazer julgamentos
apressados sobre fatos complexos.
No entanto ninguém pode concordar com os atos vandálicos como o
que aconteceu por parte do MLST
contra a Câmara dos Deputados.
É grande a consternação que se
apoderou de nós.
Há metas certas. Entre elas, encontra-se com prioridade uma reforma agrária e agrícola que permita o assentamento dos milhões de
brasileiros que aguardam para viver e trabalhar na terra. O país não
pode prescindir de uma distribuição eqüitativa de terra, há tantos
decênios desejada, projetada e ainda não transformada em realidade.
Não é preciso insistir sobre um anseio que é justo e urgente. Temos,
sim, que unir esforços para que não
tardem mais as medidas adequadas para o assentamento digno, pacífico e bem-sucedido das famílias
rurais sem terra.
No entanto nada justifica o recurso à violência e ao vandalismo.
São caminhos errados e inaceitáveis. Temos que nos educar para
expressar os anseios do povo de
modo ordeiro, com exclusão de toda agressão. O uso da violência leva
a uma série de descontroles com
graves ferimentos e risco de vida.
Precisamos perceber que a violência atenta diretamente contra a
dignidade da pessoa humana e subverte o respeito à lei, sem a qual a
sociedade cai no medo e na desordem.
Os caminhos certos passam pela
atuação competente do Legislativo, sem adiamentos, devido à urgência da causa em questão. Poderia haver medidas parciais, regionais e progressivas que demonstrassem ao país que o atendimento
às famílias do campo tornou-se a
meta prioritária.
No triste evento de 6 de junho,
houve desacertos graves. A agressão foi dirigida a servidores públicos no exercício de sua missão na
Câmara. Envolveu crianças e idosos. Os atos predatórios em nenhum modo se justificam: por que
destruir instrumentos, instalações
que estão a serviço do povo? O país,
no seu caminho democrático, não
pode perder o rumo do respeito à
dignidade e à liberdade de todo cidadão.
É necessário manter com firmeza as duas lições. Rejeitar todo recurso à violência e insistir na promoção e na defesa das famílias sem
terra, dinamizando todas as instâncias competentes para garantir
condições dignas de vida para o
maior número de brasileiros do
campo.
Os grandes problemas precisam
mais ainda da proteção divina.
Unamos nossas preces para corrigir erros, vencer exclusões e acertar os caminhos da vida solidária e
fraterna.
DOM LUCIANO MENDES DE ALMEIDA escreve aos sábados nesta coluna. Texto Anterior: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: A lenha e a depressão Próximo Texto: Frases Índice |
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