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A crise gaúcha
FINANÇAS deterioradas, dificuldades na base parlamentar, um vice que conspira e
um escândalo de corrupção que
atinge partidos aliados e figuras
próximas ao núcleo do governo.
A combinação desses fatores no
Rio Grande do Sul lança a gestão
da tucana Yeda Crusius numa
crise aguda, completado apenas
um ano e meio de mandato.
Em novembro, a Polícia Federal desbaratou um esquema de
pagamento de propinas e enriquecimento ilícito no Detran
gaúcho. De acordo com a investigação, uma quadrilha instalada
na autarquia desviou R$ 44 milhões de 2003 a 2007 -durante
todo o governo de Germano Rigotto (PMDB) e no primeiro ano
da administração do PSDB.
No fim de maio, a Justiça aceitou denúncia da Procuradoria
contra 40 pessoas, sob acusação
de participação no esquema.
Tornaram-se réus dois ex-presidentes do Detran, filiados ao governista PP, que manteve o controle político do órgão na passagem da gestão Rigotto para a de
Yeda Crusius. Também tornou-se réu, sob a acusação de beneficiar-se dos desvios, um empresário filiado ao PSDB que participou da campanha em 2006.
A crise agravou-se na sexta,
quando o vice-governador, Paulo
Feijó (DEM), que se tornou inimigo político de Yeda Crusius,
divulgou uma conversa gravada
com o então chefe da Casa Civil
da governadora, Cézar Busatto.
Sem saber da gravação, Busatto
admitia que o Detran e também
o banco estatal gaúcho, o Banrisul, eram usados pelos partidos
que os controlam, o PP e o
PMDB, para o financiamento de
campanhas eleitorais.
A divulgação da fita provocou
um início de terremoto na base
parlamentar da gestão Yeda Crusius na Assembléia -que já demonstrara sua fragilidade quando derrotou, logo no início do governo, o projeto da governadora
tucana de aumentar impostos,
como forma de enfrentar a debilidade financeira do Estado.
A demissão de Busatto e de outros dois assessores da governadora, citados em grampos da PF,
aplacou os ânimos na base governista. Mas todos os fatores de
instabilidade continuam ativos,
a começar pela dependência
crescente da governadora de um
sistema de apoio político caracterizado pelo patrimonialismo.
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